segunda-feira, 30 de maio de 2011

14ª poesia tarja preta - registros

demetrios galvão

laís romero

kilito trindade

thiago e

guy

jimmy charles

banda 7mus

fotografias: Renata Flávia |colaboradora maravilhíssima!|

Um encontro na 14ª Poesia Tarja Preta

Já faz um certo tempo que vem acontecendo os encontros poéticos da Academia Onírica, há quase um ano e meio. O coletivo AO sempre se reúne pra discutir questões que envolvem os poetas da noite, o vídeo, as sonoridades, a exposição e coisas do tipo, elementos que possam proporcionar uma noite agradável para as pessoas que vão ao Canteiro de Obras com a intenção de experimentar um universo poético e sensível que se articula pelas linguagem das expressões artísticas, em uma interligação de áreas afins, mas que ao seu modo, produzem uma poética. Mas, claro, a isso que é pensado, há sempre o que vaza, escapa e as apropriações de cada indivíduo na noite. A palavra encontro é a expressão máxima que extrapola a reunião de artes e poéticas. Na última noite, assim como nas anteriores, Allen Ginsberg e Demetrios Galvão, eram apenas uma desculpa. Assim também como a banda 7mus, o artista plástico Amaral, o filme etc. O encontro, ou os encontros, tem se realizado nas mesas, no contato das pessoas, no tilintar dos copos e nas gargalhadas, no que a(s)cende e apaga, e tudo segue no burburinho, nas idéias que vão e vêm, os olhares que se atravessam e viram contato humano, físico, coisas de experiências da noite. A poética se estende dos poetas para o ambiente, e envolve os presentes – essa é a subjetividade que vigora e goza. Após as apresentações, às poesias e tudo o mais, alguns de nós se reuniam em torno de goles no líquido amarelo e gelado, algumas gargalhadas, abraços, confraternizações e, por que não, emoções de mais um encontro realizado. Enfim, começamos a produzir um poema coletivo, através de um processo divertidíssimo que resultou no seguinte:


Esquece

Esquece o sono
Segue o copo
A trilha é líquida
Que escorre pelos cantos das bocas
É jogo fortuito
É transa bem feita, sem relógio
Não não não não – música –
É preciso me ater à cama elástica do sonho
À viagem longitudinal.

A flexibilidade do tempo me leva à cama
À fuga do sóbrio
Ao desvio das luzes
Ao esconderijo acolhedor.
Fomos para a alcova particular – um e dois
Na escuridão que se derramam.
Em qual motel foi o encontro?
Priquito em neon era o letreiro escorrendo
Se derramando em líquidos fosforescentes
Era um gozo coletivo, um gosto
Saber do outro e de mim.
Piscando, nos mexíamos.
Um táxi para o pôr do sol!
Luzes na manhã dos corpos nus.

Santo santo santo
Seja nosso sexo
Nada é pagão
Não nos pagamos nada
Gozamos e pronto...

(autores: Demetrios Galvão, Kilito Trindade, Emanuelle Chaves, Renata Blanche, Andréa Alves)

AO no Youtube.


Créditos do vídeo: Robinson Levy.

quarta-feira, 25 de maio de 2011


Amaral será o artista plástico homenageado
e lançará a hq VETOR PAGÃO - hipocampo 4


sonoridades da banda 7mus

exibição do filme Uivo
distribuição do Zine lote 14

às 20h entrada apenas R$ 5,00
no bar Canteiro de Obras 
|eliseu martins c/ anisio de abreu|

apareça!
Amaral
VETOR PAGÃO 10


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da glória e seus rumores

Heródoto há dias viajava sacolejando no lombo de um velho cavalo aposentado das batalhas. Vê-lo assim, envolto em viagens e bagagens, compenetrado em suas observações, olhar atento, mal podia divisar que no fundo da velha bolsa que trazia, entre escrituras, rabiscos e lonjuras – filhas da própria escrita de quem por não saber o que sabe, pensa nos homens como deuses amputados -  uma das páginas mais importantes da história humana, estava sendo escrita. Ele refletia sobre os destinos dos homens. Escrevia História. Testemunhava os acontecimentos daquele lugar sublime: o lombo de seu velho cavalo. Não se sabe ao certo, mas Heródoto tinha uma verdadeira obsessão pelo tempo, pelo fluir do tempo, por isso pensava em guardar os grandes feitos dos gregos e... bárbaros... Não satisfeito com a pressa das coisas e da vida, acreditava que, sendo homem da cidade, haveria de saber mais do que os outros, a  respeito do peso dos acontecimentos. Sabia multiplica-los. Condena-los ao degredo do texto, da escritura. Sabia que além da sutileza das narrativas, casos e acasos, somente à História seria dado a última palavra...

Francisco Denis Melo |colaborador - Sobral/CE|

terça-feira, 24 de maio de 2011

Amaral
VETOR PAGÃO 09

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banda 7mus fará as bases sonoras nesta quinta


quinta agora, 26, será a 14ª Poesia Tarja Preta! 
a banda 7mus acompanhará a Academia Onírica nas interpretações dos poemas
com músicas, bases sonoras e ruídos afins.

quem quiser ouvir um pouco do trabalho autoral da 7mus 
é só clicar no link http://www.myspace.com/7mus

Amaral
VETOR PAGÃO 08

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domingo, 22 de maio de 2011

Amaral
VETOR PAGÃO 07

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novo Zine já pode ser baixado aqui!




clique acima na tag "zines" e baixe todos os zines tarja preta!

imprima, corte, dobre, cole e monte sua própria coleção.


o Zine lote 14, que será distribuído nesta quinta, já está disponível!


dia 26 serão homenageados Demetrios Galvão e Allen Ginsberg

sonoridades da banda 7mus

exibição do filme Uivo

Amaral lançará a hq VETOR PAGÃO - hipocampo 4

distribuição do Zine lote 14


no bar Canteiro de Obras

às 20h entrada apenas R$ 5,00


contribua para que a poesia continue melhorando todos nós!

quinta-feira, 19 de maio de 2011

quarta-feira, 18 de maio de 2011

dia 26 será a 14ª Poesia Tarja Preta


Amaral é o artista plástico homenageado
que também lançará a HQ Hipocampo 4 - VETOR PAGÃO

= exibição de vídeo sobre os Beats

O Canteiro de Obras fica pertinho da Praça do Fripisa
na Eliseu Martins c/ Anisio de Abreu

segunda-feira, 16 de maio de 2011

domingo, 15 de maio de 2011

9ª SINFONIA

Quando Chapeuzinho Vermelho percebeu que, insinuando-se por detrás de uma árvore, o Lobo novamente a espreitava, equilibrou cuidadosamente a cesta de guloseimas em seu braço esquerdo e segurou firme o cabo gelado de sua pistola semi-automática. Tão logo o ar quente transpôs as lupinas narinas negras, assinalando o brusco movimento de ataque, há tanto ensaiado, Chapeuzinho desfechou dois tiros secos que fizeram tombar o enorme animal e tornarem-se rubros os opacos olhos amarelos.

Nos lábios doces da branca atiradora, surgiu um sorriso de satisfação que a conduziu corajosamente até o Lobo, mas este, em um salto convulso, lançou-se mata adentro, deixando Chapeuzinho Vermelho tomada de medo, respiração ofegante e olhos nervosos, na certeza do ataque iminente que, entretanto, não aconteceu.

O que aconteceu é que, diante de Chapeuzinho, surgiu uma neblina densa e escura a qual logo se impôs e se espalhou instantaneamente, cobrindo todos os arredores e deixando Chapeuzinho Vermelho completamente imóvel, a não ser pelo tremor do seu rosto e de sua boca semi-aberta de adjetivantes e rosados lábios nus.

Não tão distante dali, o Lobo caiu, sangrando e gemendo entre os espinheiros. Foi assim que Helena o viu: um belo animal, sangrando, dentes à mostra e olhos fugindo, sem forças para rugir. A grande custo reconheceu Helena, respirou fundo, e, entre melancólico e irônico, perguntou:

- Então é isso, Helena?

- Assim são as pessoas, Meu Amor. Sempre evitando conhecerem-se por inteiro. Se pudessem, e quem sabe venham a poder, criariam pílulas para suprimir lembranças, máquinas para inibir emoções e, quem sabe, até divinas verdades ilusórias... Você entende?

- Claro que sim. (Mas gosto de te ouvir). Ademais, há muito que repetem subconscientemente e eu ouço sem saber como reagir. Eles dizem: o Coração Humano é um Lobo Voraz.

- Eu lamento. Desculpe-me se tenho alguma culpa nisso. Muitas vezes fraquejei diante de escolhas contrárias, assim como diante de caminhos bifurcados e, reconheço, ofereci minha alma em troca da antevisão do melhor destino, voltei atrás ou, o que é pior, ocultei os caminhos.

Ao dizer tais palavras, Helena pareceu comover-se, o que tornou ainda menos nítido o ambiente e a fez sacudir a cabeça e fechar com força os olhos como que querendo acordar ou enxergar melhor o Lobo e os vultos que a cercavam. Em uma voz grave, entretanto quase inaudível, o Lobo lhe falou:

- Tudo bem. Mas não há que se maldizer dos caminhos e escolhas. Apenas não se deixe, como a maioria das pessoas, conduzir-se pelo medo. Quando isso ocorre, o que elas fazem? ELAS MATAM O LOBO.

Caminhando com o olhar perdido, e focando caoticamente as coisas, Helena visualizou Chapeuzinho Vermelho, ainda imóvel. Aproximando-se, Helena inocentemente expôs seu rosto à gélida respiração de Chapeuzinho que, abandonando seu olhar catatônico, mirou-lhe uma expressão inquisitiva ao mesmo tempo em que reacendeu seu pretérito sorriso de vitória. Helena afastou-se em movimento indicativo de fuga, mas deu-se conta de que, em verdade, apenas a expressão de Chapeuzinho mudara, permanecendo, de resto, imóvel como antes. Tal impressão deu coragem a Helena, que, em um só golpe, decapitou Chapeuzinho Vermelho com um afiado machado, o qual, nem se dera conta, tinha em mãos.

Com o sol passando brancamente pela vidraça da janela do apartamento, Helena sentiu sob si a maciez da cama. Mas Helena não ligava para a claridade. Ela ouvia sim a Joy emergindo radiante floresta afora: “Regozija-te! Regozija-te!” E, ao longe, o uivo de um Lobo a convidando para um passeio vida afora.


Daniel Ferreira |colaborador|

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Poesia Tarja Preta no Salão de Humor

Alê Pinheiro - nas bases sonoras

Rubervam Du Nascimento - lendo Os Cavalos de Dom Rufato


Academia Onírica

Filipe Raiz(filho) - nas distorções de guitarra + Kilito Trindade(pai)

Laís Romero

A.O.

Demetrios Galvão

intervenções eletrônicas

Thiago E

Kilito Trindade

apresentamos poemas do grupo, distribuímos fanzines tarja preta, e homenageamos algumas mulheres poetas devido à temática do Salão de Humor. Kilito foi Renata Flávia, Laís foi Hilda Hilst, Demetrios foi Ana Cristina Cesar, Thiago foi Emily Dickinson. E divulgamos nosso disco VEÍCULO Q.S.P. Está à venda na Moral, na Olik, no Canteiro de Obras, na nossa mão.

dia 26 teremos nova Noite Tarja Preta
Demetrios Galvão convida Allen Ginsberg
exposição de Amaral e lançamento da Revista Hipocampo

maiores informações em breve

as fotografias acima: Mayra Brandt / Thiago E

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Poesia Tarja Preta no Salão de Humor



Academia Onírica
Hoje no Salão de Humor

Traga-a-vasilha!

19 horas - Praça Pedro II

domingo, 8 de maio de 2011

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Morreu a poesia, nasceu uma outra. Nasceu a fábula de ser herói novamente, a sede do sangue num mundo tecnológico, a necessidade da merda por cima da higiene. O fluxo e refluxo, as rosas e as margaridas se beijaram vampirescamente. [...] 

Lembre-se, minha filha, de que toda a sabedoria dos sábios diz só isto: Tenha sempre bom humor, nunca leve as coisas muito a sério, seja sempre leve como uma bola de futebol. Seja leve, muito leve. Rindo. [...]

Das minhas andanças com os índios, recordo o amor à lassidão, as estrelas interligadas por um fio, as lanças mergulhadas em chamas de guerra e algumas interpretações etnológicas com um leve toque de Rosseau. Á gua cristalina dos sacerdotes astecas. Como sofro pelo Brasil não ter sido pisado por astecas! E, ao mesmo tempo, comemoro tal fato gritando bem alto nossa inocência, nosso esquecimento, nossa falta de memória, nosso cérebro despido de passados e pesos e velharias. E uivo saudando aquilo que vem ululante que nem um meteoro. E que é o futuro!

O futuro é um pássaro que vem, já cansado de ser avião. [...]

Desejo perder-me nos ritmos e neblinas das lendas dos índios bororos, mas não posso. A fuligem das fábricas entrou-me demais pelos olhos, carne e cérebro, para que ainda possa ter a inocência das pradarias. Mesmo nas visões gloriosas da pureza é o cinema que me fornece a imagem. A mesma luz elétrica perfurando o celulóide constrói os meus modelos míticos. Novamente, a indústria fundamental, a máquina que é nossa mão mais poderosa, as negações sentidas numa síntese que explode em guerras ocultas, declaradas, regionais, totais... [...]

Jorge Mautner |colaborador honorário da A.O.|
trecho do livro FRAGMENTOS DE SABONETE - escrito em Nova York, em 1971.
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Amaral
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quinta-feira, 5 de maio de 2011

quase um sonho na latitude 57


o sol desembrulhou-se quando dezembro findava
em um ninho de pequenos cactos esfomeados.
alguns orixás viram pássaros bêbados
abrirem um novo hospício com seu fanatismo.

insetos vomitaram orações com a delicadeza
de quem carrega uma barriga cheia de mortes,
construindo no céu uma plantação de legumes
que não passavam de borboletas lisérgicas.

os órfãos do rio levantaram estandartes
exigindo que a mãe d’água os criassem.
procissões, liturgias e febres
fizeram o céu naufragar por não haver margem
seu conceito de infinito.


Demetrios Galvão 
|poema do livro BIFURCAÇÕES - a sair pela ed. Corsário|

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Poesia Tarja Preta na TV


Nesta sexta-feira - dia 06, 11h00, a ACADEMIA ONÍRICA 
estará no programa Pauta Cultural da TV ASSEMBLEIA, canal 16
divulgando poemas + artes + atividades + novidades

Me deixe em paz...
Fique perto.

Laís Romero

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Amaral é o artista homenageado em maio

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Neste mês, a A.O. vai publicar aqui a EXPOSIÇÃO VETOR PAGÃO do íssimo de artista plástico Antônio Amaral. Este trabalho foi exposto nas cidades de Macapá, Manaus, São Luiz - pelo CIRCUITO SESC AMAZÔNIA DAS ARTES em 2010. 

Segundo Amaral, "É uma proposta estética de virtualidade associada à arte seqüencial e às artes gráficas, uma vez que, em ambiente digital, a originalidade do objeto artístico está vinculada a um arquivo virtual que se conclui em uma plotagem em suporte transparente."

Amaral ainda destaca que o tema da exposição faz parte do "universo paralelo HIPOCAMPO, pesquisa e obsessão estética, título da obra autoral premiada com o troféu hqmix 2000, como melhor obra independente." 

Apropriando-se de elementos da publicidade, o uso de películas transparentes, ferramentas do design gráfico, softs de manipulação e produção de imagens, Amaral experimenta uma aproximação das artes plásticas com outras expressões artísticas associadas às mídias de massa - retomando a discussão sobre as fronteiras estéticas da arte contemporânea.

Imagino se Amaral morasse em uma grande cidade que valorizasse a originalidade, a vanguarda, o espanto criativo, a arte... Ele seria reconhecido como merece. E o Amaral merece tudo.
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