segunda-feira, 31 de maio de 2010

+ fotos da noite Rubervam du Nascimento

AO + Rubervam Du Nascimento + Cine Rex Brasil
AO + Rubervam Du Nascimento + Cine Rex Brasil
AO + Rubervam Du Nascimento
Laís Romero
Artur (Cine Rex Brasil)
Arianne Pirajá + Kilito Trindade
Alexandre
Davi Leão + Alexandre
Fotos: Kátia Barbosa

PORRADA !!!!!!! ))))) 5ª Noite Poética da AO --->--- Part 1

A noite já se derramava ao longe quando iniciaram os primeiros acordes da banda Cine Rex Brasil. As atividades da Academia Onírica começaram quando todos já estavam com seus copos e corpos cheios de cerveja, refrigerante, água e a paciência dava os primeiros sinais de insatisfação. Mas antes tarde que nunca!!!!! Os preparativos tiveram início com a bela exposição fotográfica de Dogno Içaiano, nosso amigo “Doidinho”, que nos mostrou a Angola que lhe atravessou, no período que andou por aquelas bandas. A baixa da noite foi a não exibição do documentário “quem tem medo de arte contemporânea”, que vai ficar para nosso 6º encontro, no mês de junho.

Após uma introdução musical-cinema dos REX’S abrimos os trabalhos da noite no terreiro das experimentações == nossa oficina de artes-manhas. Iniciamos com o lançamento do livros “Fanzine: autoria, subjetividade e invenção de si” e depois passamos a bola para o poeta da noite, que dessa vez veio em carne e osso -->--> ***¨¨..&*¨%$$,,,.....INTERFERÊNCIA NO CAMPO DO REAL...... 9876567*......&¨*&¨!#$765....DEFORMAÇÃO DO ESPAÇO....76#$%¨876@#$ -->--> e o poeta surge como uma aparição, ocupando seu lugar debaixo da luz e assumindo o microfone. Rubervam Du Nascimento chegou montado nos cavalos de Dom Ruffato carregando uma tonelada de poesias, que logo tomou de assalto as pessoas e o chão do orbital, se espalhando feito tapete-de-palavras. Sua voz hipnotizou os espectadores e ninguém se mexia. Sua performance provocou vertigens, desmontou a coluna vertebral da noite, desatou os portões para os selvagens passarem = o poeta-peixe-bicho-voraz pôs fogo nas nuvens.

Em seguida os Oníricos iniciaram um recital lisérgico e aproveitando a embriaguez dos espectadores, vociferaram poemas de peixes e de inferno, de Marco Lusbel e da Decrépita Província ..>..>..>.. as vozes se entrecruzaram compondo uma textura poética bestial com bases pesadas e gritos estridentes, fazendo com que “aquelas” vozes leves e românticas, que envolvem ontologicamente a poesia, desaparecessem. Logo depois começou a ser ouvido poemas safados que sussurravam repetidamente “morde meu lábio, morde meu lábio....” e desse refrão outras vozes e poemas seguiram estabelecendo um ar erótico ===== “procurar o lábio alheio...” =è>>> o Onírico Valadares não apareceu, mas seus textos fugiram de casa e foram ao nosso encontro = “teus lábio no boca a boca/ reanimam em mim/ o que ainda sêmem em ti”. Assim, a noite foi sendo inventada com a partição de vários poetas e outr@s viciad@s em poesia ---- urros, pílulas poéticas, músicas, suspiros, fotografias, gargalhadas ==== algazarra poética -->--->-->-- o Orbital Canteiro de Obras mudou de cinturão, foi para outra galáxia.......... encontrou nova órbita, se reinventou ..... >>> tudo registrado pelas lentes da nossa amiga fotógrafa Kátia Barbosa <<<>>>>> Agradecemos a todos que participaram e estiveram presentes no 5º encontro poético da AO <<<<<

Demônios da Noite:

Poetas/Viciad@s: AO = Arianne Pirajá, Demetrios Galvão, Fagão, Kilito Trindade, Laís Romero, Thiago E. + Rubervam Du Nascimento + Participações = Emanuelle Chaves, Lu, Galvão Jr., Marçoni, Guy Dhegaly, Alexandre ........

Banda = Cine Rex Brasil

Exposição = Dogno Içaiano (fotografias)

Fotógrafa = Kátia Barbosa

Parcerias = Revista Trimera + Pontão de cultura Preto Ghoez Vive + Fotógrafa Kátia Barbosa.

domingo, 30 de maio de 2010

PORRADA !!!!!!! ))))) 5ª Noite Poética da AO --->--- Part 2

Rubervam Du Nascimento

banda = Cine Rex Brasil

Zine - AO - Lote 5

Laís Romero + Kilito Trindade + Demetrios Galvão

Arianne Pirajá + Filipe Raíz

Thiago E.

Fagão + Filipe Raís

PORRADA !!!!!!! ))))) 5ª Noite Poética da AO --->--- Pat 3

Kilito Trindade + público

Laís Romero + Emanuelle Chaves

Demetrios Galvão + Arianne + Fagão + Thiago E.

Galvão Jr

Lu

Davi Leão = lendo poema de Telmo Belisário

Laís Romero

sábado, 29 de maio de 2010

Fragmentos da última noite

Rubervam entrou a galope, depois das dez. Bravo. Cavalos na noite, lembrei de H. Dobal. Lembranças de um olhar coloriam o espaço. Dogno.
Lembra como é o olhar de um cavalo?
"Quando escrevo cavalo leio".
Lua cheia e colorida. O gelo também tem luz e lágrima é um fluido que brilha.
Espero que tenham gostado.
Agradeço a todos que foram...
E pergunto... e aí?

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Clique para ampliar ... vamos?

Intercambiando Idéias - Os Oníricos Entrevistam Rubervam Du Nascimento


Entrevista concedida a
Demetrios Galvão e Luiz Valadares Filho

Luiz Valadares Filho 1- O teu nome “Du Nascimento” tem algo de afrancesado? Nos fale um pouco a respeito disso.

Rubervam Du Nascimento: Du é um jogo sonoro inventado a partir do modo como pronunciamos as palavras. Nunca ouvi ninguém dizer por aqui “do”. Do é outra coisa que ao ser pronunciado ganha um acento que não existe, um acento imaginário que o empurra para outro significado. Du acompanha a voz de Ru do início do meu nome. Uma homenagem, digamos, ao som produzido pela voz de nossas letras e palavras. Nada a ver com o francês. Du é um dado a mais que contribui para a possível decifração dos enigmas que cercam a minha poesia. Funciona como uma espécie de anagrama. Du é de um atrevimento sem tamanho. Com ele posso provocar Deus. Du também vem de Deus. Basta excluir duas letras. Com o Du me coloco ao lado da criatura divina embriagada de sopro de fogo e me transformo em criador. Afinal de contas é por demais inquietante quando o extraordinário poeta chileno Vicente Uidobro escreve que “ todo poeta é um pequeno Deus”.

LVF 2- Quando você começou a se descobrir como poeta? Quais suas primeiras tentações poéticas?

Rubervam Du Nascimento: no início foram os livros bíblicos que me chamaram a atenção. Aliás, único conjunto de livros que ocupava espaço na casa onde vivi a infância e o começo da adolescência. Principalmente os livros de Isaias, Ezequiel, Daniel, Malaquias e Apocalipse que me despertavam uma espécie de ira sagrada ao lê-los. Ficava com um gosto de vinagre apodrecido na boca quando devorava seus versiculos. Gostava de ficar viajando com as imagens que esses livros me traziam. Para tentar compreendê-los decorava capítulo por capítulo e ficava dizendo em voz alta, trancado em meu quarto. Mas os livros que me despertaram para a poesia foram O Luzíadas, que encontrei entre outros livros empoeirados, e pastas e papéis inúteis numa espécie de biblioteca abandonada no prédio do ginásio onde estudava, e um livro de poemas estranhíssimos que me chegou às mãos através de um professor de português chamado Ildegardes: O Guesa Errante. Era adolescente, nessa época, tinha quinze anos e ao invés de ir passear na praça, namorar, ficava em casa lendo os livros da Bíblia, Sousândrade e Camões. Depois desse encontro, comecei a rabiscar alguma coisa que pensava tratar-se de poesia, mas não era, apenas rascunho que foi parar na cesta de lixo, ou no fogo. Gosto de ver meu poema pegar fogo, virar chama e depois cinza. Alguns deles, purificados, voltam aos pedaços em versões posteriores. Outros desaparecem para sempre do meu caderno de memórias. Nessa época escrevi um poema chamado: deslumbramento que uma professora de português elogiou na sala de aula, chamou de poesia. Até hoje guardo cópia, mas jamais será publicado. Embora seja um poema de forma livre, é muito ruim, de linguagem pobre, coisa de iniciante, muito parecido com a maioria do que é veiculado e que abarrota os espaços da internet e que chamam de poesia.

LVF 3- Fale sobre os poetas e a poesia de sua geração e comente um pouco sobre sua participação na coletânea “ponta de lança na praça”?

Rubervam Du Nascimento: mantenho contato com vários autores brasileiros e estrangeiros, principalmente da América Latina. Com esses autores troco além de correspondência, poemas. Dessa forma alguns me pedem autorização para incluírem meus poemas em livros ou para serem editadas em jornais ou blogs. Assim aconteceu com a coletânea: ponta de lança na praça, editada pelo poeta Guido Bilharinho, de Uberaba/MG, na década de 1980, o mesmo que publicava a famosa revista: Dimensão. A linguagem do longo poema incluído na coletânea já indicava inquietações éticas e por que não dizer, estéticas, que somente hoje estão em volga: a nossa sobrevivência, numa sociedade que parece ter esquecido que somos apenas formiguinhas entregues ao mar de águas que a cada virada de estação causa um dilúvio de calamidades, ao invadir a pequena extensão de terra que nos resta para sobreviver, por conta dos maus tratos que cometemos contra a natureza e o ambiente das cidades. Quanto ao poetas de minha geração, gosto de alguns, de outros não, Sem citar nomes, penso que alguns não evoluíram. De qualquer modo, não tenho dúvidas de que se trata de uma geração que é a pedra do sapato dos críticos e estudiosos do assunto. Posso garantir que são mais de meia dúzia os poetas que se firmaram e podem ser considerados bons poetas, alguns com trabalhos editados que verdadeiramente se sustentam como livros dignos de leitura e reflexão.

Demetrios Galvão 4- Que importância tem a poesia na sua vida e no seu cotidiano?

Rubervam Du Nascimento: além do ofício de poeta, exerço no dia a dia outra profissão, que nem sempre me dá folga para o exercício da poesia na hora em que bem entendo, posso dizer que respiro poesia pela manhã, à tarde, à noite e de madrugada.De segunda à sexta e nos fins de semana. Sou um poeta que vive a poesia durante quarenta e oito horas diárias.Não que eu considere tudo que eu vejo como matéria poética. Alguma coisa que a gente encontra em nosso caminho a gente tem que empurrar pro lixo. Não pode ser traduzido por poesia, nem pode terminar em poema. Qualquer tentativa forçada do poeta com material não poético pode danificar o poema e torná-lo objeto escrito imprestável. Posso dizer que o substrato principal dos meus poemas vem do meu olhar atento, mas seletivo do comportamento humano, dos livros, revistas e jornais que leio, das pesquisas e interpretações históricas, sociológicas, antropológicas que faço.

LVF 5- Eu tive o prazer de assistir a um espetáculo seu no Teatro 4 de Setembro “A Profissão dos Peixes”, referente ao seu primeiro livro. Fala da tua relação com o teatro.

Rubervam Du Nascimento: fiz curso de teatro no Rio de Janeiro com o mesmo grupo do Fulvo Stefanini, José Wilker, Rosa Maria Murtinho e outros que hoje são artistas famosos. Vim para o Piauí, tive algumas experiências nesse sentido, mas resolvi parar de fazer teatro. Afinal de contas descobri que escolher esta distanteresina para fazer arte, principalmente, é escolher um limite. Não se pode querer fazer uma porção de coisas ao mesmo tempo, pois se corre o risco de fazer-se tudo mal feito. Andei escrevendo uns contos, algumas peças de teatro, iniciei um romance, mas acabei firmando compromisso apenas com o exercício poético. Preferi a poesia, apenas a poesia, por entender como Torquato Neto que a poesia é a mãe das artes, das arte/manhas e das armas de hoje e de amanhã. O espetáculo poético-musical que chamei de “corpo-a-corpo”, reuniu a espinha dorsal do livro: A Profissão dos Peixes, levado a treze cidades brasileiras, em 1987. De Cruz das Almas/Ba, passando por Belo Horizonte, Rio, São Paulo, capital, Ourinhos/SP, Londrina/PR, Curitiba e por último, o que eu denominei de “Peregrinação Poética”, em Paranaguá/PR, sempre contando com a articulação de pessoas ou grupos de poetas com os quais mantinha contato. Lembro de uma dessas apresentações como um momento inesquecível, tanto pelo clima mágico que se formou no local, cujo teto era uma lua enorme no céu escuro, quanto pela interação do público, praticamente formado por poetas e artistas, com os poemas lidos, no pátio aberto de uma Casa de Cultura em Cruz das Almas, interior da Bahia, onde anteriormente funcionou uma cadeia pública. O pátio serviu no passado para os presos tomarem banho de sol. O Corpo-A-Corpo foi apresentado algumas vezes aqui, Luzilândia, Parnaíba e Picos. Trata-se de uma tentativa de colocar o leitor mais perto da poesia. Apesar de ter plena consciência de que a expressividade do poema não pode confundir-se, nem concorrer com a expressão do teatro, pois são diferentes, colei esse espetáculo ao lançamento da 1ª edição do A Profissão... e obtive resultados impressionantes, em relação à divulgação da poesia e do livro. Como se sabe, toda poesia guarda áreas de silêncio. A encenação dos meus poemas tenta preencher algumas dessas áreas de silêncio, pois existem outras para serem preenchidas pelo leitor disposto a fazê-lo.

LVF 6- Como foi tua passagem pela UFPI, naquele tempo de dias obscuros? Viver a época da ditadura te trouxe problemas?

Rubervam Du Nascimento: entrei para o curso de Direito da UFPI com uma experiência considerável de luta estudantil, adquirida enquanto estudante secundarista. Cheguei a ser eleito em congresso de estudantes para dirigir o Centro Colegial dos Estudantes Piauienses, o CCEP, na década de 1970, época de plena dominação militar, censura, perseguição, tortura física, mental e o que mais de terrível aconteceu naquela época de chumbo aos indivíduos que insistiam em atrapalhar com suas idéias e/ou ações a ordem unida das coisas. Tudo o que se fazia, incluindo a poesia, era uma afronta ao governo que tomou a ferro e fogo as rédeas desse cavalo aparentemente dócil chamado Brasil. Passei no vestibular para direito sem saber que existiam dedos duros nas salas de aulas que sequer se submeteram a concurso algum. Entraram na UFPI pelo teto, ou sob o peso dos coturnos, na cota dos órgãos de repressão, para acompanharem os passos de quem na universidade, questionava o milagre brasileiro do “pra frente Brasil” ou do “ame-o o deixe-o”, que até hoje tem seus reflexos negativos nos destinos deste país. Não entrarei em detalhes sobre as vezes que fui forçado a dar explicações sobre alguma declaração a jornal, rádio, a um xerife de plantão na província, na casa onde hoje funciona uma pousada, na Arlindo Nogueira. Lembro que certa vez fui obrigado a explicar ao cara o que eu queria dizer em um poema publicado no jornal do CCEP que trazia em um dos versos o nome Petrônio. Só que não se tratava do Petrônio Portela, tratava-se do outro, do filósofo. Foi difícil explicar. Aliás, não deu pra convencê-lo. Ele me olhava, riscava um papel e insistia que o Petrônio, era o Portela. Ao final carimbou o poema no jornal e devolveu-me com alguma coisa rabiscada, que até hoje não sei decifrar direito, rabiscou com a intenção de confundir-me, acredito. Nunca descobri o que escreveu.Acho que tinha alguma coisa com censurado. Guardo comigo este e outros poemas meus carimbados pelos censores da PF. Mas nunca fui torturado fisicamente. O que me salvou, penso, foi nunca ter assumido papel de protagonista político partidário. Sempre votei na chamada esquerda, desconfio que a direita continua a existir e tem ganho força ultimamente, mas nunca assinei ficha de partido político algum. Havia umas chapas eleitorais na UFPI constituídas por petistas, outras ligadas ao partido Comunista do Brasil, das quais sempre me neguei a participar, por entender que seguiam cegamente pautas de atividades partidárias que não contemplavam qualquer discussão artística e cultural. Minha luta, tanto como secundarista, quanto universitária era pela arte e pela cultura que os partidos políticos nunca deram o verdadeiro valor que merecem. O que eles querem dos artistas é ajuda para armar e desarmar o circo. Usam os artistas para complementarem seus risos de deboches, pra brincadeiras de mau gosto, pra molecagem. Todo partido político tem uma dificuldade enorme em conviver com tudo que simboliza ou expressa arte e cultura. Não é a toa que os poetas foram expulsos da República, desde Platão. Foram expulsos em razão da arte e da cultura serem rebeldes por natureza, não aceitarem a mesmice, o jogo cínico e desigual do poder. Os defensores da sociedade ideal, planificada, racional, não aceitam o jeito torto dos poetas. Pior, todo partido que atinge o poder vira refém do conservadorismo secular das elites políticas que odeiam cultura. Não tem jeito. Antes de deixar o CCEP criei uma imensa biblioteca com mais de cinco mil livros que hoje não sei onde foram parar, vez que a sede da entidade, na rua 24 de janeiro, onde funcionava a biblioteca, está completamente abandonada. Nos quatro anos e meio que estudei na UFPI participei de passeatas, puxei algumas discussões em favor da cultura na construção de algumas chapas que concorriam aos diretórios setoriais e central, fui presidente de comissão eleitoral, participei da greve de fome, ajudei a reconstruir a UNE, mas foi só.

DG 7- Comente um pouco sobre seu processo de criação e nos diga o que une e o que distancia a poética dos seus três livros (Profissão dos Peixes, Marco Lusbel Desce ao Inferno e Os Cavalos de Dom Rufato)?

Rubervam Du Nascimento: em artigo publicado recentemente na imprensa local, o poeta Salgado Maranhão que eu respeito, tanto como poeta, quanto como ser humano, após a leitura de Os cavalos de dom Ruffato, aponta-me como um migrante da tagarelice espontânea da chamada Poesia Marginal, para o discurso motivado da linguagem. E acrescenta em seu artigo que “poucos perceberam esse rito de passagem que trouxe vigor e amadurecimento ao verso praticado atualmente”. Inclui o livro Os cavalos de Dom Ruffato como um exemplo que bem diferencia os desabafos sentimentais da arte poética na sua duríssima carpintaria. Entendo que esse comentário do Salgado responde a pergunta e dá pistas sobre o que aconteceu com a minha poesia desde os indicadores de renovação presentes na 1ª edição do meu projeto de “vidapalavra” que denominei de A Profissão dos Peixes, editado em 1987, com 2ª edição em 2003, no título e nas janelas do livro Marco Lusbel desce ao inferno, nos desafios postos no Os cavalos de Dom Ruffato, até chegar à densidade estética e substância de linguagem que consegui atingir na 3ª edição, revista e diminuída, do A Profissão...que será editada, ainda este ano, por uma editora de São Paulo, tudo indica a Geração Editorial.

DG 8- Quais seus dispositivos de criação?

Rubervam Du Nascimento: para permanecer poeta, procuro manter no dia a dia uma faca amolada na pedra do meu cais, com uma enorme ponta de fogo, guardada em minha pele, manejada por mim toda vez que me aproximo de algo que me provoca, me assusta, me excita. É com essa faca de luz que corto e recorto o poema, antes e depois de ser colocado no papel, ou na tela do computador. Diferentemente de Shakespeare, poeta inglês, por exemplo, que referencia a maioria de seus poemas em estrelas em órbitas, gosto mais de utilizar a terra, o chão, as águas e o asco podre, azedo ou doce dos indivíduos, em meus poemas. Já disse várias vezes que poesia não é dom. Poesia é bagagem, é esforço contínuo, é compromisso estético que precisa de renovação contínua, para evitar o que eu chamo de “igolatria poética”: comprometimento precário dos poetas apenas esforçados que não vai além do umbigo, que acaba gerando poesia em série como se fosse a coisa mais fácil equilibrar um poema no papel, mas que acham que são bons poetas, entendem que para fazer poesia é necessário apenas inspiração, uma briguinha com alguém que ama, ou odeia, se comportam como os escolhidos por Deus, jamais pelo Diabo, para levar a sua mensagem pelo deserto.

DG 9- Qual sua relação com a literatura do hemisfério sul, existe algum diálogo com o neo-barroco?

Rubervam Du Nascimento: posso dizer que no Piauí, me sinto só na tarefa de dialogar com os poetas sul-americanos. Tenho aproveitado o máximo esses diálogos para a construção da minha poética. Minha linhagem é barroca, venho de Gregório de Matos, Murilo Mendes, Uidobro, Vallejo, Octavio Paz, e outros que poucos aqui na terrinha já leram ou já ouviram, pelo menos, os seus nomes. Aprecio a poesia criativa e persigo a poética da inventividade. Acredito que só essa poesia marca uma época e consegue continuar viva através dos tempos.

DG 10- Como você compreende a relação da poesia com a política? Ou melhor, você acha que a literatura tem uma função política? Comente um pouco sobre isso.

Rubervam Du Nascimento: a única causa que a poesia defende é a sua própria causa. A função da poesia nunca foi e jamais será política, sempre foi e será poética. Falo da política como sempre se praticou no país e no mundo por partidos a reboque de pessoas disfarçadas de bons cidadãos, a rigor, da pior espécie, que se apresentam como agentes responsáveis pela solução de nossos problemas, mas que na prática defendem seus próprios interesses e dos que lhes servem. A definição mais objetiva dessa política está no dicionário. Diz lá que política é a prática ou profissão de conduzir negócios políticos. Podem grifar a palavra: negócios. A Profissão dos Peixes, confesso, não tem nada a ver com isso. A poesia somente se segura como objeto de prazer estético. Desse modo, a poesia mexe e remexe todo o sistema límbico do indivíduo. Não suporta o que não é sangue, o que não pula, nem pulsa. Ameaça o domínio da emoção domada, que nunca explode, escondida em baú de ossos, fechado a sete chaves. A emoção que termina criando a morbidez romântica, o atavismo das paixões embrulhadas em tecidos apodrecidos, espedaçados e que teimamos em remendar. A poesia transita muito bem entre o desequilíbrio e o medo de cair. Sabe conduzir-se pelo fio tênue estendido em cada janela dos nossos dias. Experiência em escadas inseguras por um fio à beira do abismo. Chega e se apossa de tudo que pensamos que é assim, desse jeito e vira tudo pelo avesso. O grande lance da poesia é que ela não existe com o fim de mudar alguma coisa. É um brinquedo perigoso por que intriga o entendimento das coisas. Dar outro nome às coisas que a gente acredita já ter nome. Reforça a cor das coisas que a gente descobre esquecida num canto empoeirado de nossa casa. Pergunto: a beleza existe para mudar o quê? A beleza existe por ser beleza o bastante para ser chamada de beleza. Existe para exaltar o que é belo na palavra beleza e pronto.

DG 11- Na sua percepção, que lugar a poesia tem ocupado no mundo contemporâneo?

Rubervam Du Nascimento: é visível a falta de espaço para a poesia na sociedade do espetáculo ridículo midiático, da mesmice diária, da brincadeira maliciosa, sem qualquer porção lúdica, dos meios de comunicação, todos eles, preocupados apenas em usar os artistas para a justificativa dos anúncios comerciais de produtos que vendem, descaradamente, dentro ou entre um capítulo e outro das novelas e programas de auditório. O que esperar, poetas, de uma sociedade que perdeu o encanto e o direito à rebeldia e vive constantemente sob a ameaça da violência e da tolice repetida até à exaustão? O que fazer numa sociedade em que, diante disso, a chamada intelectualidade de farda e pijama se compromete cada dia mais com a imortalidade dos defuntos e acredita que assim, com seus pontos de vistas mofentos, está contribuindo para alterar o belo quadro da idiotice social?

LVF 12- Você é também um observador e um incentivador da “cena nova” (teu prefácio sobre o meu “Versificando” – ainda na gaveta – ficou melhor que o livro), como é que você vê esse novo cenário da literatura aqui na “terrinha”?

Rubervam Du Nascimento: vejo pouca articulação conjunta. Como não acredito que não se subtrai poesia do nada, penso que não se faz arte sozinho. Fico satisfeito em saber que vocês existem. Desconheço outro coletivo funcionando hoje como o de vocês nesta distanteresina. A poesia precisa ser lida, discutida, remendada. A palavra do outro às vezes salva um poema, ajuda a retirar uma palavra que está ferindo de morte um poema porque foi mal colocada no verso e que o poeta, por uma razão ou outra, sozinho não descobre. Procuro, na medida do possível, acompanhar o que é editado a nível de poesia, por aqui e pelo país. Sempre que viajo à serviço da repartição onde trabalho ou para participar de algum festival literário, passo horas em livrarias e sebos procurando novidades. Confesso que entre um grande número de bobagens, de repente aparece um livro que merece releituras. O Raniere Ribas, vocês o conhecem? Ele é professor da UFPI, tem uma poesia que incomoda, uma poesia consistente. Ele editou há cinco anos, mais ou menos, um livro de título e conteúdo intrigante, Os Cactus de Lakatus e ninguém teve a coragem de escrever alguma coisa sobre o livro. Silenciaram diante da ousadia e da agressividade estética e de linguagem de um poeta que merece ser lido e discutido. Gosto da poesia do Wanderson Lima, do Adriano Lobão, da Carmen Gonzalez. Poetas um tanto jovens, mas com uma poesia que em nada perde para a poesia que se publica por grandes editoras no eixo Rio-São Paulo. Tem um poeta que publicou apenas um livro e é da minha geração, mas que nunca mais ouvi falar em seu nome, o Francisco Sales. Ele editou o livro: Esboços ( paredes de papéis finíssimos) em 1995 e de lá para cá não editou mais. É um bom poeta. Outro dia deparei-me aqui com um livro excelente chamado: Terreiros, de uma poeta que não conheço pessoalmente de nome Keula Araújo e me assustei com os poemas que escreve. Poemas densos, bem construídos. Leio sempre a poesia do Demetrios. Uma poesia urbana, visceral, visionária. O Valadares eu conheço de algum tempo e tem bons poemas. Vocês não sabiam, mas acompanhei de perto o que era editado na Trimeira. Comprava nas bancas de revistas e jornais. Cadê o pessoal que fazia a Trimeira? A Trimeira acabou? Vocêsa anunciaram no terceiro número o fim da revista, não foi? Lembro versos como: mas as vestes que te diziam alguma coisa/ não existem mais, da Lorena Albuquerque, alguma coisa da Renata Flávia, da Lee Flores, do Rodrigo Leite e da Arianne Pirajá que escreve versos inteligentes, de imagens fortes, como: flores constipadas, final do poema: vida bandida, recentemente anexado no blog da academia onírica e da Laís Romero que escreve poemas com achados impressionantes. Parece-me a mais exigente, a mais preocupada em encontrar uma poética particular.

DG 13- Você já cometeu algum pecado cultural?

Rubervam Du Nascimento: pecado cultural? Deixa-me ver. Acho que sim. Mas vou contar um caso que por pouco não me levou a cometer o que seria o maior pecado cultural da minha vida. Um pecado que, caso tivesse se concretizado, não teria como ser perdoado. Seria um baita pecado que, certamente, nenhum rosário de orações expiaria a culpa. Trata-se de um rascunho de livro que trouxe de Coroatá do Maranhão pensava eu, no ponto de ser editado. Queria o livro editado logo que cheguei aqui, em fevereiro de 1972. Escutem o título: rastros de estros. Que diabo é rastro de estro? Me respondam. Um livro horrível, repletos de pensamentos moralistas, cheio de sonetos precários e alguns poemas soltos. Sonetos parecidos com os do J. G. de Araújo Jorge. Já leram? Não precisam ler. O J. G. está morto e com ele foi a poesia que editou em vida. Rastros de Estros era uma mistura de J. G com o Neimar de Barros, o cara do livro: O Deus Negro, que mais parece um livro de auto-ajuda do que de poesia. Foi bastante lido na década de 1960 e 1970. Ele vendeu uma porrada de livros, mas também já morreu e levou com ele a poesia que publicou. Foi toda devorada pelos vermes que se alimentaram de sua carne, dos seus ossos e das folhas adoecidas e inúteis que escreveu.

terça-feira, 25 de maio de 2010

5º Encontro Poético da Academia Onírica - Noite Rubervam Du nascimento

Academia Onírica +
Rubervam Du Nascimento +
Cine Rex Brasil (sonoridade) +
Dogno Içaiano (exposição fotográfica)

# lançamento de livros:
Os Cavalos de Dom Ruffato (poesia)
Fanzine: autoria, subjetividade e invenção de si (artigos)

# exibição do documentário “quem tem medo de arte contemporânea”


Orbital Cultural Canteiro de Obras - dia 27/05, quinta-feira às 20h
(Eliseu Martins com Anísio de Abreu, próximo a Marko Informática)
entrada = $ 2,00 reais (grátis o zine Academia Onírica lote 5)

segunda-feira, 24 de maio de 2010

foto = Dogno Içaiano
A decomposição atroz e as vertigens.

fechar as janelas diante do simulacro e
se derramar pelos diversos andares da cidade
pelo hipertexto de suas entranhas
de suas tripas magnéticas
de sua fauna nervosa e
sua flora deserta em seu rizoma de concreto.

A decomposição atroz e as vertigens.

ruas lineares x o acaso dos dados na diáspora do sólido
o lado de dentro e o de fora de uma cartografia
buscar uma fenda para se esconder
no paradoxo luz/sombra.
digerir o desejo das estátuas na dilatação ao sol
uma eternidade de enigmas adormecidos.

A decomposição atroz e as vertigens.
Demetrios Galvão
foto = Dogno Içaiano
toda noite seca traz seu som no bosque


O tempo das folhas-caem secas da dureza estática de seu som, seu craquelado, incrédulo do silêncio escondido nas pálpebras turvas da madrugada...>>>
Fagão

sexta-feira, 21 de maio de 2010

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Tao do Zen

“Janela aberta mar adentro... ”
(Arianne Pirajá)

Tao Zen que estava olhando ao longe
Despertei-me com essa onda de m(ar)
Que me invadiu o olho


Kilito Trindade

segunda-feira, 17 de maio de 2010

5º Encontro Poético – Noite Rubervam Du Nascimento

A noite do 5º encontro poético será ocupada pela presença e performances do poeta Rubervam du Nascimento, que na ocasião estará pré-lançando seu novo livro “Os cavalos de Dom Ruffato”. A noite vai contar com as bases sonoras da banda Cine Rex Brasil, com uma exposição fotográfica de Dogno Içaiano e com a exibição do documentário “Quem tem Medo de Arte Contemporânea”. No decorrer da noite, também será lançado o livro “Fanzine: Autoria, Subjetividade e Invenção de Si”, obra coletiva organizada pela professora Cellina Muniz e composta por 7 artigos de pesquisadores de vários lugares do país, que tomam os fanzines como foco de discussão e reflexão.

Os Oníricos lembram que a participação é livre, então leve e fale seu poema!!!

Quando: última quinta do mês, 27 de maio, às 20h
Onde: orbital cultural canteiro de obras (Anísio de Abreu com Eliseu Martins)
Entrada: $ 2 reais – grátis o zine Academia Onírica nº 5
foto = Dogno Içaiano
O olho que ri
Dispara no beijo suas seivas
Inclina-se ao ângulo da amada
Resume em azuis amarelos
Números e palavras
Que absorvem do abismo
O que ainda asas
O que ainda planos

Valadares

Ilustre reconhecido

A Academia Onírica no ato da Poesia no mercado do Mafuá acabou encontrando e fotografando o ilustre desconhecido acima com nosso trabalho em mãos. Pois bem, o Sr. Ilustre desconhecido é o Sr. Joel Ribeiro, Ex prefeito de Teresina na década de 70. Foi o prefeito Joel Ribeiro que sancionou a Lei instituindo o hino, o brasão e a bandeira de Teresina, a 10 de agosto de 1973.

Esclarecido então. Pois bem!

sábado, 15 de maio de 2010

medíocres & prepotentes

Eu não sei escrever. Não sei recitar. Eu não nasci com um dom. Não ganhei nenhum prêmio literário. Não sou famosa no sudeste do Brasil. Não me formei num curso de Direito. Não sei desenhar, nem pintar, nem esculpir. Não publiquei nenhuma obra com 18 anos. Não revolucionei a sintaxe de minha língua. Não sou regionalista, nem ufanista, nem 'ista' nenhum. Não moro em Brasília, nem no Chile. Não sou marginal, nem alternativa, nem punk. Não falo 4 línguas, nem inventei uma. Não danço ballet, nem aprecio quem o faça. Não sei dançar. Não canto, nem toco nenhum instrumento. Não fui presa na ditadura, nem torturada. Não escrevi um best seller sobre minha prisão em 64. Não morri de tuberculose. Não me suicidei na Segunda Guerra. Não comprei ações e fiquei milionária. Não sou diplomata. Não escrevi cartas quando era diplomata. Não deixei minha amante morrer afogada. Não salvei poesias de um naufrágio enquanto minha amante morria. Não sei tudo de gramática. Não me formei em Português. Não tenho nome de flor. Não mudei meu nome. Não me casei com um filósofo famoso e suicida. Não tenho heterônimos. Não sei jogar xadrez. Não fiz cinema mudo. Não fiz cinema. Ninguém chorou em meus filmes. Não sou uma psicopata, nem sociopata nem nada disso. Sou o abstrato, o propósito e a falha.No instante em que decifro o código que me faço sentido, existo, humana e ordinária.

Laís Romero

Dogno Içaiano = Inventor de Imagens



Nascido nas terras molhadas do amazonas em 29 de fevereiro de 1955, Dogno Içaiano atravessou territórios até firmar-se nas terras quentes de Teresina, onde descansou em 05 de fevereiro de 2010. Ele foi um sujeito gente boa, fotógrafo e cinegrafista, gostava de uma cervejinha, uma panelada e uma boa conversa. Trabalhou em jornais e emissoras de TV no estado do Piauí. Também produziu vários curta metragens e desenvolveu trabalhos no continente africano, mais especificamente em Luanda, capital da Angola. E o trabalho fotográfico que ilustrará o blog no mês de maio, são parte do conjunto imagético produzido por Dogno Içaiano em Angola.



quarta-feira, 12 de maio de 2010

Há aproximadamente... ... ... Supõe-se... ... ...
Origem -
(da terra
da vida
do homem)
Descoberta -
do fogo: poder
da roda: velocidade
cidade/cidade/ cidade/
metal/ vidro /papel/ plasti/cidade/
cidade/cidade/cidade/
cimento/cede/SIDA/sede/fome/dinheiro/revol/
ver/cidade...
...dentro delas avenidas
Dentro delas coletivo
Dentro dele
Cabeças troncos e...
Membro é nome de pau de homem
Priquito quem tem é mulher
Em corpos separam sexos
Juntos já fazem sexo
Preparam mais um individuo
Dentro do coletivo
Pra dentro dessa...cidade...

Kilito Trindade

terça-feira, 11 de maio de 2010

imagem + texto = Demetrios Galvão
do começo não se sabe: se tem peso ou quanto vale,
se hoje nasce ou vira nunca, ou é uma flor que abre em rugas

do começo, sim, se sabe: como idéia, onde ele cabe
mora dentro e foi embora – no espelho, é a cara do agora

o começo jamais muda – feito o freio faz o lento,
tal qual a água queda em chuva, tal qual o ar se move em vento

se constrói esse lugar de começo e mais começo
onde os pés podem dançar sobre um som que não conheço.
Thiago E.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Fragmentos da 4ª Noite Poética

Academia Onírica

Arianne Pirajá

Thiago E.

Laís Romero

Kilito Trindade


Participações

Emanuelle Chaves

Ellio Ferreira

Viriato Campelo

Todas as fotos por Kátia Barbosa

quarta-feira, 5 de maio de 2010

O 4º ENCONTRO POÉTICO - FOI ASSIM:

Foi isso mesmo! Nocaute! O 4º ENCONTRO POÉTICO deixou todos nocauteados por uns dias. Só hoje a Academia Onírica acordou do estado de catalepsia astral e, ainda, trafegando nos interstícios temporo-espacias de suas alucinações hipnagógicas levanta do tatame (Terreiro do Canteiro de Obras) e retoma o movimento. O samurai Pau...Leminski, botou pra fuuu...(tarja preta/faixa preta nos olhos e ouvidos dos hipocríticos) ... massa mesmo! Porrada! E não poderia ter sido diferente; quem tinha queixo de vidro ou ficou com a mão no queixo ou ficou de queixo caído. Sem muito “melé capé” Lais Romero, não contou conversa, mandou um direto: “Noite Paulo Leminski e... com a palavra Kilito”. Lais tinha certeza de que o público não estava, ali, interessado em saber se o poeta estava completamente nu na foto do folder ou se o - quem tem Q. I vai- (texto de Leminski) foi interpretado pelos náufragos como discriminação. O poeta Kilito Trindade, emaranhado na belíssima teia de ondas sonoras e poéticas emitidas pelos instrumentos percussivos de Fagão e pelas guitarras de Fyb C. e André Melo (Ano Zero), prestou suas reverencias ao publico, cravou os dedos numa maquina datilográfica, enviou uma “Carta aos Náufragos” (texto de P. Leminski) e pra gerar um clima de combate à moda oriental lançou o fogo do dragão “ Paulo Leminski não morreu, ele está por ai com sua espada de samurai cutucando a mente de vocês... Leminski é um Cachorro Louco deve morrer a pau ...Leminski”. Calma! Calma! “Olhem a lua!” assim falou Arianne Pirajá, traduzindo o amor e a beleza poética contida no texto infantil “A lua foi ao cinema”(P. Leminski). Thiago E., preferiu manter-se neutro nesse combate e cantou “ Além alma – meu coração lá de longe faz sinal que quer voltar já no peito trago em bronze não tem vaga nem lugar ” (P. Leminski). E foi assim, sob a sombra da lua de cachorro doido, muitos se sentiram lambidos e outros mordidos. Intervenções + intervenções + intervenções. O poeta Élio Ferreira, surpreendeu; desta vez não pediu pra abrir as cadabras pra que pudesse passar. Com o sangue fervilhando de ansiedade para falar poesias, o contra lei fez sua hora saltou da cadeira e tomou para si os microfones e gritou poesia! Tambores! Poesia! Tambores! E.... Poesia! Tambores! E... !?!? Valeu o grito poético professor. Galvão Jr., com sua mente criativa de Lex Luthor, descontente com a fala do Prof. Viriato Campelo, que iniciou sua intervenção dizendo: “diferente de muitos, aqui presente, conheci P. Leminski”, imediatamente escreveu e recitou “eu não sou diferente, eu sou igual... não conheci P. Leminski”. Calma Galvão! Alguém vai dizer que te conheceu um dia. e... a galera não deu trégua, ninguém quis jogar a toalha branca. Espetacular! Coisa de louco! Entre mordidos e lambidos não houve feridos. Paulo Leminski bateu com cautela.

Kilito Trindade


Criaturas da noite:
Publico: Figuras da noite tragadas pelo vicio - POESIA
Poetas:
Academia Onírica: Lais Romero + Kilito Trindade +
AriannePirajá + Thiago E.
Músicos: Fyb C. e André Melo (Banda Ano Zero), Fagão
Exposição: Artista Plástico Fernando Costa
Fotografa: Kátia Barbosa

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Enquanto vivo traço
Roupas sujas em cartório
A veia exposta
E cantos sagrados à amada

Se não sorrio
Se não sóbrio
Traço palavras
Ensanguentadas que me traduzem

Na verdade
Do que adianta um papel
Uma catedral
Um ofício

Só aqui
Nessa petrolina – petrolância
É que me curvo
E me sinto pra carvalho

Valadares
tela = Fernando Costa
se de fato dói saber da verdade
com quantas mentiras
se faz uma felicidade?!


Thiago E.