terça-feira, 28 de junho de 2011

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domingo, 26 de junho de 2011

No país de Gerardo Mello Mourão

........................................................imagem - google


Em artigo no qual versava sobre a poesia e o papel do poeta, Gerardo Mello Mourão escreveu que “Cantar é ser – ensinava ainda o poeta nos Sonetos a Orfeu. / Ser é saber a sua própria história. / O poeta é o contador de sua própria história, da história de seu ser e de seu existir.” Fiel ao compromisso com a palavra, que considerava sagrada, a trajetória poética de Gerardo inclui verdadeiros monumentos literários calcados no cantar, no narrar, no existir em meio a um mundo moldado entre o lírico e o épico e impregnado da mítica existência humana ao longo de sua história e suas histórias. Nascido em janeiro de 1917, na cearense Ipueiras, e falecido em maio de 2007, no Rio de Janeiro, o poeta Gerardo legou-nos uma poesia que remonta a eras bem mais antigas, como “No País dos Mourões”, “Peripécia de Gerardo” e “Rastro de Apolo” (reunidos no volume “Os Peãs”), e “Invenção do Mar”. Acima de tudo, reafirmamos, seu compromisso era essencialmente com a poesia: “Publicar ou não publicar não é problema para um escritor de verdade. Vender livros também não. Baudelaire, em toda a sua vida, ganhou apenas 17 francos com seus livros. Kafka nunca teve mais de 40 leitores. Quanto a mim, escrevo apenas para comparecer com estes livros na mão, diante de Deus, no Dia do Juízo Final, no Vale de Josafá, que espero esteja para chegar. Acho até que tenho vendido demais e publicado demais. Deus vai me cobrar isto. Quando um jovem escritor está aflito para publicar um livro, desconfie do livro e do escritor. Começo por mim, que desconfio de meu primeiro livro. Depois, tome nota: um dos maiores poetas de nosso tempo e de todos os tempos, Kavafis, nunca editou um livro em vida, apenas distribuía, de vez em quando, quarenta ou cinquenta cópias de um de seus poemas a quarenta ou cinquenta pessoas que conhecia em diversos países da Europa.” Não se sabe o que terá dito Deus a Gerardo, mas agradeço-lhe por ter publicado demais, como afirmou, e desejo que a leitura de seus livros lhe sirva de prece para seus pecados editoriais. 

A religiosidade permeava sua vivência, ele que declarou amar as alegrias do corpo e da alma, “mas estou afetado pela tristeza existencial (ou será ontológica?) do ser humano, pois sei, como Léon Bloy, que a maior desgraça que pode ocorrer ao ser humano é a desgraça de não ser santo. Eu não sou santo. Esta é a tristeza medular de minha vida. (...) estou vivo e fui maculado por quase todos os pecados mortais, os chamados pecados mortais. Quem quiser que os imagine.” Os depoimentos até aqui mencionados foram extraídos de entrevista, atualmente disponível no site A Garganta da Serpente, concedida a Rodrigo de Souza Leão quando o poeta contava 83 anos de idade. Sua poesia, de forte acentuação épica sempre causou curiosidade quanto às influências. Em outra entrevista, publicada na revista E, do SESC de São Paulo, declarou: “Não sei se é próprio falar de influências. Prefiro lembrar algumas referências. A primeira delas foi o caboclo Anselmo Vieira, cantador da feira de Ipueiras, com sua rabeca rouca, sua voz gemedeira, cantando quadras e sextilhas de sete sílabas, mourões de oito pés em quadrão, galopes-à-beira-mar em puros endecassílabos de Metastasio e assim por diante.” Entretanto, grande conhecedor de grego e latim, o poeta transcende os limites de seus sertões, conforme observa José Nêumanne Pinto, ao escrever sobre “Invenção do Mar”: “O primeiro épico contemporâneo brasileiro refere-se, originariamente, a Luís de Camões, cuja obra deu corpo definitivo e moderno ao vernáculo. Mas, ao nivelar Luiz Gonzaga e Homero, o poeta foi além: a dicção camoniana ganha cor e vida, ao ritmo do baião, que baila no bojo da viola dos repentistas e no verbo de fogo de profetas sertanejos – o Conselheiro, Padre Cícero e o negro forro Inácio da Catingueira no mesmo balaio –, um Brasil inteiro ainda por descobrir.” 

A despeito de quaisquer controvérsias políticas ou biográficas, o que Gerardo nos legou foi sua poesia, sua intensa e necessária poesia. E é o poeta, contador de sua própria história, quem traça seu vaticínio: “Nos labirintos do saber e da cultura, varando o oco do mundo, por Europas, Ásias, Áfricas e Américas, peregrino de todas as vicissitudes, talvez eu possa dizer como Keats: ‘– Acho que meu nome constará depois da minha morte entre os poetas de meu tempo’. Se isto ocorrer, a uma coisa eu o devo – à fidelidade obstinada à minha terra, aos seus valores primitivos.” Este o rastro que deixa Apolo pelo vasto país de Gerardo Mello Mourão. 
 
 
[publicado no jornal Diário do Povo, coluna Toda Palavra, Teresina, 21 de junho de 2011]
 
Adriano Lobão Aragão |colaborador e editor da revista dEsEnrEdoS|
adrianolobao.blogspot.com

dEsEnrEdoS - uma revista de cultura e literatura
www.desenredos.com.br

quinta-feira, 23 de junho de 2011

o uivo do poeta


Alan Ginzberg, segundo seu pai, poderia ter sido astrólogo de vocação. Sabia conhecer com maestria as fases da lua, as datas dos eclipses, a altura das marés, a ressaca do mar; sabia o melhor dia para cortar os cabelos, plantar sementes, fazer amor... Não resta dúvida de que sua vocação especial o conduzia ao poema e ao infanticídio, por essa razão, talvez, nunca tenha conseguido conviver com seu meio-irmão por parte de pai, este, colecionador inveterado de tampinhas de refrigerantes, escovas de dente, pontas de cigarros recolhidas no porto, e velhas máquinas de escrever oxidadas. Costumava escrever compulsoriamente em velhos cadernos amassados. Quando escrevia, havia quem dissesse que de sua longa cabeleira de fogo, cardumes de peixes como que subiam a correnteza de suas palavras, borboletas volitavam em torno de seus olhos fechados, colibris irrompiam em velocidade sobre o jardim de suas memórias. Cada um de seus poemas abria-se como hélices vorazes. Cada poema margeava uma sensação de ócio e sexo. Era como se a palavra lavrada no verso fosse a pólvora de uma arma quente. Era assim, então, que apontando na cara dos outros seus poemas como facas, que resolveu cursar o último ano de filosofia, escrevendo a tese sobre o veneno das palavras e o abismo das vontades... Havia aprendido, não lembrava com quem, a comer literalmente os poemas escritos. Amassava o papel sem delicadeza, lançava a folha boca a dentro, depois passava sete semanas ruminando o poema, para depois despertar do sono, balbuciando versos e premonições.


Francisco Denis Melo  (colaborador, Sobral - CE)

terça-feira, 21 de junho de 2011

Voa! Anda! A O


Uma revista aberta bate páginas...

Uma revista aberta bate pernas...

Voe!

Ande!

Com ela


Essa revista vai loooooooonge!


quarta-feira, 15 de junho de 2011

lançamento da AO Revista no SaliPi

 AO na mão

 laís romero

 thiago e

poesia tarja preta no bate papo literário

demetrios galvão 

kilito trindade 

 fagão silva

 participação da platéia

 zorbba igreja

 airton sampaio

 renata flávia

 academia onírica - aqui tem amor .

 daniel ferreira - renata - shayana

 daniel ferreira - patrocinador mor da AO Revista

adriano lobão aragão

imagens - mayra brandt .

muito obrigadão de merci beaucoup com gracias plenas a todo mundo que 
compareceu e participou desse super lançamento de mais uma produção onírica!

segunda-feira, 13 de junho de 2011

EXTRA! EXTRA! está lançada a Revista AO .


No último sábado, durante o SaLiPi, lançamos mais um produto tarja preta: a revista AO. O lançamento foi de um superlativíssimo sem nome e ocorreu no bate papo literário, às 20h, na Praça P.II. Muita gente participou: poetas, artistas plásticos, contistas, colaboradores, pessoas de outros estados - todos interessados em trocar idéias, publicações, risadas e o mais que rolasse nos sentimentos de cada um!

Maravilhoso foi ver que mais uma vez conseguimos o principal objetivo dos encontros tarja preta: agregar gente e diversão em torno da arte! Ficamos emocionados em perceber que a poesia ainda tem tantos cúmplices! A gang difusora da palavra interessante está por aqui, por aí e, certamente, propagando alguma alegria. Apesar de não termos grana e ainda ser bastante difícílimo arrumar patrocínio pra cultura, conseguimos lançar uma revista de arte nesta cidade. E acabamos arrumando a grana com amigos! Agradecemos imensamente a nossos camaradas Daniel Ferreira, Zorbba Igreja, Rubervam Du Nascimento e o Sr. Camarão Azul - que se juntaram a nós e eia! É a AO revista!

Além de trabalhos dos integrantes da Academia Onírica, a revista ainda é toda ilustrada pelo bonito trabalho do camarada artista plástico Joniel Veras. Além de textos de colaboradores de Teresina e de outros estados: Adriano Lobão Aragão, Airton Sampaio, Carlos Emílio C. Lima |CE|, Daniel Ferreira, Durvalino Couto, Elio Ferreira, Francisco Denis Melo |CE|, Jorge Mautner |RJ|, Katiusha de Moraes |CE|, Mardônio França |CE|, Nicolas Behr |DF|, Ranieri Ribas, Renata Flávia, Rubervam Du Nascimento.

Agora você pode adquirir a revista AO nas lojas Olik, Toccata & Quinta Capa Quadrinhos. Os outros pontos de venda serão divulgados em breve. E viva a amálgama de coisas acesas por dentro!

download do livro "as cinzas as palavras"

o camarada poeta Adriano Lobão Aragão 
disponibilizou seu livro
as cinzas as palavras 
em pdf para download. 

se interessar, o link está logo abaixo.



um abraço .

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Poesia Tarja Preta no SaLiPi

foto - Kátia Barbosa

Vamos interpretar poemas no SaLiPi
textos com sonoridades rock! 
quinta, 09, às 17h30 na Praça P.II 
no Corredor Cultural, em frente ao Theatro 4 de Setembro

Apareça! Até já já!

quarta-feira, 1 de junho de 2011

imagens da 14ª poesia tarja preta



Lais Romero

banda - 7mus



Fagão

Kilito Trindade + Demetrios Galvão



Emanuelle Chaves

Thiago E.



Kilito Trindade

Robson



# fotos: Demetrios e Emanuelle #