Hoje me agride o lirismo ufanista
me cansei de flores coloridas e perfeição
quero a falha
lamber o sangue e as feridas
Hoje o que me faz poesia
é o calor subindo do asfalto
a explosão dentro do grito
real, cru e seco
Hoje o humano me tocano
cerne e na carne,
quase sempre quente,
no olho violentado
da imundície do crepúsculo
Hoje, no desafio da lógica,
fazer do concreto música e poesia,
só me cansa o lirismo do impossível
literatura de beira de abismo
amor invisível ao chão
Laís Romero
domingo, 31 de janeiro de 2010
--> --> --> --> !ª noite --> --> --> -->
1º encontro poético da academia onírica = noite de conspirações, blasfêmias e intempéries. reverberações das poesias andarílias que Walt Whitman plantou nas terras de ninguém dos EUA ------->>>>>>>>>> curto circuito nos transistores: cruzamento de idéias + sons + alucinações + palavras = poesia – música – imagens – zines.............. o golpe no consenso e nas acomodações pré-estabelecidas dos atos. plano de fuga: atalho para fora das formatações comportadas,,,,,,,,, gargalhadas, zumbidos, tilintar de copos visitando a lua.
Gang da Noite:
Poetas: Ariane Pirajá, Demetrios Galvão, Elio Ferreira, Kilito Trindade, Laís Romero, Valadares.
Músicos: Filipe (guitarra), Machado Júnior e Marcelo Briba (baixo), Edmar, Maninho e Fagão (percussão).
--> --> Exibição de vídeos produzidos por Elielson Pacheco.
Gang da Noite:
Poetas: Ariane Pirajá, Demetrios Galvão, Elio Ferreira, Kilito Trindade, Laís Romero, Valadares.
Músicos: Filipe (guitarra), Machado Júnior e Marcelo Briba (baixo), Edmar, Maninho e Fagão (percussão).
--> --> Exibição de vídeos produzidos por Elielson Pacheco.
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
ENCONTRO POÉTICO – ACADEMIA ONÍRICA
A partir deste mês de janeiro de 2010 será dado início aos encontros poéticos no Orbital Cultural Canteiro de Obras, promovidos pela Academia Onírica. Os encontros ocorrerão na última quinta-feira de cada mês e terão como motivo a leitura de poesias referente a algum poeta específico, escolhido previamente, bem como, terá espaço aberto para a leitura livre de poesias. Especificamente neste primeiro encontro o poeta escolhido é o norte americano Walt Whitman e haverá o lançamento do Zine Academia Onírica.
Local: Orbital Cultura Canteiro de Obras – R. Elizeu Martins X R. Anísio de Abeu
Quando: quinta-feira, 28/01/2010 – a partir das 20:00h
Entrada = 0800
Local: Orbital Cultura Canteiro de Obras – R. Elizeu Martins X R. Anísio de Abeu
Quando: quinta-feira, 28/01/2010 – a partir das 20:00h
Entrada = 0800
ROBERTO PIVA – URGENTE
Roberto Piva, um dos maiores poetas brasileiros, está internado na enfermaria do Hospital das Clínicas, em estado precaríssimo. Piva tem 73 anos e sofre de mal de Parkinson. Segundo o poeta Celso de Alencar, que o visitou ontem, ele está num verdadeiro inferno dantesco.
Nos últimos anos, Piva teve suas obras completas reunidas pela editora Globo em três volumes: Um Estrangeiro na Legião, Mala na Mão & e Asas Pretas e Estranhos Sinais de Saturno. Sua poesia voltou a circular como um furacão, mas o poeta continuou vivendo em situação precária. É comum os amigos se cotizarem para comprar os remédios que ele precisa para manter os efeitos do mal de Parkinson num nível razoável.
Artistas não vivem de elogios.
É preciso tirá-lo da enfermaria do HC e transferí-lo para um quarto. Urgente. Isso é o mínimo nesse momento.
Ou as palavras do próprio poeta vão se confirmar como uma nefasta profecia?:
“O objetivo de toda Poesia & de toda Obra de Arte foi sempre uma mensagem de Libertação Total dos Seres Humanos escravizados pelo masoquismo moral dos Preconceitos, dos Tabus, das Leis a serviço de uma classe dominante cuja obediência leva-nos preguiçosamente a conceber a Sociedade como uma Máquina que decide quem é normal & quem é anormal.”
“... criminosos fardados & civis têm o poder absoluto para decidir quem é útil & quem é inútil”.
“Enquanto isso, os representantes da poesia oficial & os engomados homens de negócios trocam entre si, numa reciprocidade suspeita, discursos & homenagens estourando de vaidade diante do aplauso de seus concidadãos. O que eu & meus amigos pretendemos é o divórcio absoluto da nova geração dos valores destes neomedievalistas”.
Escrito pelo poeta Ademir Assunção
http://zonabranca.blog.uol.com.br/
Nos últimos anos, Piva teve suas obras completas reunidas pela editora Globo em três volumes: Um Estrangeiro na Legião, Mala na Mão & e Asas Pretas e Estranhos Sinais de Saturno. Sua poesia voltou a circular como um furacão, mas o poeta continuou vivendo em situação precária. É comum os amigos se cotizarem para comprar os remédios que ele precisa para manter os efeitos do mal de Parkinson num nível razoável.
Artistas não vivem de elogios.
É preciso tirá-lo da enfermaria do HC e transferí-lo para um quarto. Urgente. Isso é o mínimo nesse momento.
Ou as palavras do próprio poeta vão se confirmar como uma nefasta profecia?:
“O objetivo de toda Poesia & de toda Obra de Arte foi sempre uma mensagem de Libertação Total dos Seres Humanos escravizados pelo masoquismo moral dos Preconceitos, dos Tabus, das Leis a serviço de uma classe dominante cuja obediência leva-nos preguiçosamente a conceber a Sociedade como uma Máquina que decide quem é normal & quem é anormal.”
“... criminosos fardados & civis têm o poder absoluto para decidir quem é útil & quem é inútil”.
“Enquanto isso, os representantes da poesia oficial & os engomados homens de negócios trocam entre si, numa reciprocidade suspeita, discursos & homenagens estourando de vaidade diante do aplauso de seus concidadãos. O que eu & meus amigos pretendemos é o divórcio absoluto da nova geração dos valores destes neomedievalistas”.
Escrito pelo poeta Ademir Assunção
http://zonabranca.blog.uol.com.br/
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
Relatório do mundo oposto
Recife: 15/08/09
Contra a falta de pontes que me faz ilha, salto no líquido amarelado da noite em que não conheço o nome das ruas e nem de seus habitantes pardos. Pego uma vereda e desmaio acordado nos anos 60 que não vivi e sinto saudades. No entremeio do frio chuvoso e do calor confortável, ruas se fazem labirintos e deuses bacantes se reúnem em assembléias para saltar fora de seus lugares, pular nos subterrâneos do tempo rumo a algum bar que tenha carnes extremas na entrada. Beco-lugar-nenhum da cidade de 5 séculos onde cada prédio vai ao analista fazer regressão para lembrar quem já morou em seu corpo de compartimentos precisos. Nesse lugar-excremento-mangue os gatos são gurus que tudo vêm, advinham, sonham – andam nas pontas dos dedos sobre as cabeças-HD’s-programadas, memórias frágeis que esquecem o futuro que foi e se reinventam a cada nova moda, drink, boca, taxi. Na cidade dos corações partidos manequins recitam poemas vernaculares, bêbados urinam fractais quânticos nas esquinas circulares e sorrisos esnobes passeiam plenos em seus pedestais. Das mesas amplificadas, fragmentos atemporais escapam dos tilintares dos copos – os deuses marginais seguem suas reuniões em esconderijos dobrados na rugosidade dos musgos. Nova moda blazer dos manequins de coração descartáveis, virtualmente vivos, praticamente mortos. O pajé-xamã-urbano uiva do alto de uma torre de transmissão profanando canais de rádio e TV e os grafismos das velhas paredes acordam e atendem ao chamado – encontro marcado no jardim das orquídeas do amor-tempestade, onde se distribuem chocolates-tsunamis e todos se chupam na tentativa de roubar a imaginação do parceiro. No bar-terreiro os jesuítas-pedófilos dançam o toré, e fotografias acompanham o ritual lá de seus lugares suspensos vendo as novas vidas celebradas com doses de café-radioativo que José Medeiros inventa em seu quarto escuro na extremidade do passado. Nas prateleiras das ruas, doces lábios acenam em manifestações do espírito descarnado. Após lavar a boca das portas, os dejetos-mendigos pegaram carona em excursões pelo interior do sertão de J. Borges e mestre Vitalino a procura da redenção que os programadores visionários anunciaram. No ciclo da natureza mecanizada o fluxo das águas arrancou da letargia os grandes-lábios das estátuas lançando-os no estuário em que se formam clubes de malfeitores e juízes-delirantes jogam suas armadilhas para pegar peixes lilases e pequenos mariscos. No cais, Apolo e Dionísio fazem amor em um encontro de maracatus. Lá onde andarilhos vendem poemas e outros vendem grilos, a mulher magra de capa preta distribui pirulitos-de-olhos-vermelhos para consumo nos pátios da consagração, lugar sem nome ou tatuagem que Pierre Verget fotografou quando recebeu o santo.
Demetrios Galvão
Contra a falta de pontes que me faz ilha, salto no líquido amarelado da noite em que não conheço o nome das ruas e nem de seus habitantes pardos. Pego uma vereda e desmaio acordado nos anos 60 que não vivi e sinto saudades. No entremeio do frio chuvoso e do calor confortável, ruas se fazem labirintos e deuses bacantes se reúnem em assembléias para saltar fora de seus lugares, pular nos subterrâneos do tempo rumo a algum bar que tenha carnes extremas na entrada. Beco-lugar-nenhum da cidade de 5 séculos onde cada prédio vai ao analista fazer regressão para lembrar quem já morou em seu corpo de compartimentos precisos. Nesse lugar-excremento-mangue os gatos são gurus que tudo vêm, advinham, sonham – andam nas pontas dos dedos sobre as cabeças-HD’s-programadas, memórias frágeis que esquecem o futuro que foi e se reinventam a cada nova moda, drink, boca, taxi. Na cidade dos corações partidos manequins recitam poemas vernaculares, bêbados urinam fractais quânticos nas esquinas circulares e sorrisos esnobes passeiam plenos em seus pedestais. Das mesas amplificadas, fragmentos atemporais escapam dos tilintares dos copos – os deuses marginais seguem suas reuniões em esconderijos dobrados na rugosidade dos musgos. Nova moda blazer dos manequins de coração descartáveis, virtualmente vivos, praticamente mortos. O pajé-xamã-urbano uiva do alto de uma torre de transmissão profanando canais de rádio e TV e os grafismos das velhas paredes acordam e atendem ao chamado – encontro marcado no jardim das orquídeas do amor-tempestade, onde se distribuem chocolates-tsunamis e todos se chupam na tentativa de roubar a imaginação do parceiro. No bar-terreiro os jesuítas-pedófilos dançam o toré, e fotografias acompanham o ritual lá de seus lugares suspensos vendo as novas vidas celebradas com doses de café-radioativo que José Medeiros inventa em seu quarto escuro na extremidade do passado. Nas prateleiras das ruas, doces lábios acenam em manifestações do espírito descarnado. Após lavar a boca das portas, os dejetos-mendigos pegaram carona em excursões pelo interior do sertão de J. Borges e mestre Vitalino a procura da redenção que os programadores visionários anunciaram. No ciclo da natureza mecanizada o fluxo das águas arrancou da letargia os grandes-lábios das estátuas lançando-os no estuário em que se formam clubes de malfeitores e juízes-delirantes jogam suas armadilhas para pegar peixes lilases e pequenos mariscos. No cais, Apolo e Dionísio fazem amor em um encontro de maracatus. Lá onde andarilhos vendem poemas e outros vendem grilos, a mulher magra de capa preta distribui pirulitos-de-olhos-vermelhos para consumo nos pátios da consagração, lugar sem nome ou tatuagem que Pierre Verget fotografou quando recebeu o santo.
Demetrios Galvão
..............................................
...no meio rua
No meio da rua meus calcanhares pareciam dois blocos de gelo derretendo-se sobre o asfalto quente da cidade de pedra que me preda
E no meio da cabeça...
No meio da cabeça como no centro da terra meu cérebro fervia e pela medula feito um cano esgoto de pia um liquido um fogo escorria desvertebralizando espinha dorsal diluindo tudo que é osso massa visceral
No meio do corpo...
Calafrio... calor e frio se encontravam e numa dança lisérgica no ventre tudo se fundia e aí eu já era todo energia e pelo umbigo eclodia e de cima da espiral eu via
Via meu rosto/ Minha cabeça/ Meu corpo/
Minha cama/ Minha maca/
Vômitos/ Fezes/ Vômitos/ Fezes...
Comprimidos/ Comprimidos/ Comprimidos...
Quanto mais comprimidos? Que sejam!
Quanto mais comprimidos que sejam os meus tecidos
Quanto mais comprimidos que sejam os tecidos da camisa de força que me prende a este mundo vertebralizado haverá um interticio temporo-espacial para minha mente seguir equilibrando-se sobre as vértebras tracejadas das avenidas escolioticas da cidade
...Comprimido
Kilito Trindade
No meio da rua meus calcanhares pareciam dois blocos de gelo derretendo-se sobre o asfalto quente da cidade de pedra que me preda
E no meio da cabeça...
No meio da cabeça como no centro da terra meu cérebro fervia e pela medula feito um cano esgoto de pia um liquido um fogo escorria desvertebralizando espinha dorsal diluindo tudo que é osso massa visceral
No meio do corpo...
Calafrio... calor e frio se encontravam e numa dança lisérgica no ventre tudo se fundia e aí eu já era todo energia e pelo umbigo eclodia e de cima da espiral eu via
Via meu rosto/ Minha cabeça/ Meu corpo/
Minha cama/ Minha maca/
Vômitos/ Fezes/ Vômitos/ Fezes...
Comprimidos/ Comprimidos/ Comprimidos...
Quanto mais comprimidos? Que sejam!
Quanto mais comprimidos que sejam os meus tecidos
Quanto mais comprimidos que sejam os tecidos da camisa de força que me prende a este mundo vertebralizado haverá um interticio temporo-espacial para minha mente seguir equilibrando-se sobre as vértebras tracejadas das avenidas escolioticas da cidade
...Comprimido
Kilito Trindade
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