quarta-feira, 30 de março de 2011


13ª Poesia Tarja Preta

Kilito Trindade convida Fernando Pessoa

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poesias: Academia Onírica

sonoridades: Estação Gandaia

part. especial do ator Adalmir Miranda

exposição: Gabriel Arcanjo

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dia 31/03 no Canteiro de Obras a partir das 20h

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entrada livre - traga seu texto!!!!

segunda-feira, 28 de março de 2011


Gabriel Arcanjo
escorpião na casa de capricórnio
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chove um som verde na paz dos musgos e os crimes se libertam nos quartos de motéis: nos encontramos com a fúria de dois cometas que se chocam, movimentos selvagens, contradições na faringe metálica e sexo na contorção fumegante dos corpos irresponsáveis – (os olhos são ogivas de cilício sobressaltando as costas) – nossos fluidos escorrem para o mangue da alma: rio caudaloso a desmantelar a neurose dos ponteiros em estranhas experiências, como se toda a história fosse só um agora – (o que sobra são os garranchos sobrepostos e os escombros molhados) – violamos o que de mais íntimo nossos pés tocam, saltamos as pontes, as linhas de trem e o azimute do horizonte – (é inútil pensar que sairemos ilesos à noite) – nossos delírios conjugados cavalgam as luas de saturno enviando sinais jamais pronunciados – (os braços que nos cercam são noctâmbulos) – as carícias desmancham armaduras, recolhendo para a dispensa a utilidade das unhas de aço: nosso amor fosforescente se escreve na avenida Eros.

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Demetrios Galvão (poema do livro Bifurcações, a sair pela ed. Corsário)
Gabriel Arcanjo

sábado, 26 de março de 2011

Sou um homem de força, afirmo.
E por isso ergo esta casa a partir do solo
Onde ela me cresce desde um lugar baldio
Onde a povôo com o movimento dos corpos
E ela se encorpa como o tronco de uma árvore
Monumento pórtico
Em seu ofício de casa que conquista o teto com renovos e o abobada todo.
Por isso digo: sou um construtor de força.

Ergo-a contra o sol com cinco janelas e um horizonte
Sinto-a em cada ângulo soerguer-se em meus ombros
E é como uma planta sáxea fincada ao chão
Uma planta arquitetada na idéia da projeção

Esta casa me é necessária
Ela deságua líquida na via pública
E irriga as ruas.
Numero-a porque não tem nome
E ela precisa ser diariamente invocada.
Ela espera o chamado do mensageiro às palmas e ele vem.
Sobre os umbrais vem ele para adentrá-la
E deixa uma carta no chão.

Esta casa me resguarda do turbilhão das ruas
E por isso a amo em cada ângulo de sua geometria obtusa.


Ranieri Ribas (colaborador)
do livro ainda inédito AOS RENOVOS DA ERVA

quinta-feira, 24 de março de 2011

13ª Poesia Tarja Preta
Kilito Trindade convida Fernando Pessoa
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poesias: Academia Onírica
sonoridades: Estação Gandaia
part. especial do ator Adalmir Miranda
exposição: Gabriel Arcanjo
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dia 31/03 no Canteiro de Obras a partir das 20h
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entrada livre - traga seu texto!!!!

quarta-feira, 23 de março de 2011

Gabriel Arcanjo

amor alaranjada

festa festança
queda e ele entra e sair correndo
surtando
buscando

caindo a moça do cinema não está na tela
a moça foi embora
eles foram embora os amigos os umbigos os sacanas
os leitores homens-scanners
código de barra feroz

mas ela está estátua

arrumando a mala

ela vai embora?
vai me levar na sacola?
vai me arrastar para a ilha perdida longe dos tomates
agrotóxicos
vai ?
feroz como o leopardo dançando minha oncinha de cachaça

feroz suave como os sonhos encantes bricantes palhaços
fantoches menino-deus curumins
arrumando as mãos e afastando a besta-fera.

(...)

Mardônio França (colaborador, Fortaleza-CE)
http://www.corsario.art.br/index.php
http://mitologiaspoeticas.blogspot.com/
http://www.youtube.com/revistacorsario
Gabriel Arcanjo

segunda-feira, 21 de março de 2011

Morto

Noite escura, noite com cheiro de chuva, nenhuma estrela no céu. Parte da Terra caiu em sono profundo, todos sonham com a mesma coisa: um formigueiro soterrado a cavar desesperadamente em busca da superfície, mas, quando a alcançam, deparam-se com um deserto, tudo é vazio e apenas sopra um vento frio vindo de lugar algum, pó. Uma única árvore, há tempos morta, abre os braços ao vento para ser levada, mas o vento a recusa, puta velha. Acorda viscoso, o esperma, triste por estar vivo; caminha então pela viçosa margem do rio e faz semeaduras infecundas a propor estéril solo, sonhando sonhos impossíveis, desculpa-se por ainda respirar. Novamente cava rumo ao subsolo e se entreva.

O rio corre silencioso enquanto o cadáver de um sapo jaz à sua margem. O galho largado à vontade da correnteza tenta agarrar-se a seus irmãos ainda verdes que açoitam a água. O homem, do alto da ponte, olha o galho que passa e imagina sua condição futura. Imagina. Lateja. Os olhos vermelhos e doídos, voltados para si. Lateja um pensamento. Não pode suportar mais um segundo sequer. Não pode dar um passo adiante. Não pode ver sequer uma estrela no céu. Não sente mais o cheiro das plantas. Não tem beijo depois do sexo. Não mais aprecia o sexo. De quando era criança, não mais lembra a sensação de sugar o seio da mãe. O rio, maldito rio, havia levado tudo, e ainda há quem lhe dê um nome que justifique o sangue ser quente, e ainda há quem lhe chame de vida. Pois se lançará deste rio a outro rio que por natureza é frio, não como esse que ilude com o calor do dia e não revela que a luz que torna claro aos olhos omite algo mais, algo que faz parte, algo que se esconde sob as faces sorridentes, almas pálidas de pessoas que nas veias corre um sangue que, não, não é mais quente, é frio como as profundezas desse rio para o qual se lança.

Lá de baixo, observa-o outro cadáver, um sapo. Vê o homem apoiado nas grades da ponte e deve imaginar que ele perdeu a razão, de certo perdeu.

Da margem do rio, um cadáver observa outro, um homem que mesmo de longe fede, fede a frustração, infelicidade, o cheiro comum a todos os espécimes humanos. Olhos anfíbios definem a imagem da doença: apoiado o peito contra as grades, o homem se prepara para mergulhar no rio. Eu, sapo, sempre vivi por aqui, capturando mosquitos de felicidade que também sugavam meu sangue, hemácias de felicidade para eles, e abelhas que às vezes me davam mel e que às vezes picavam minha língua. Não sabe, o homem, que a frieza com que o rio reflete seu rosto é a mesma com que ele sempre o olhou, outro espelho, como se olhasse para si mesmo, como sempre olhou para os outros. Se acha frio lá fora, é porque não sabe que há muito habita as profundezas e que há muito ninguém o pode ver, mas não o culpo, por muitas vezes achei fria a terra e muitas vezes hibernei no fundo do rio, verdade é que voltava sempre à terra, que não me parecia menos fria, e, sem saber quando nem como, morri. Um corpo vai cair em outro rio e, muito provavelmente, sentir-se-á em casa, descobrirá que tudo é muito parecido, mas vai querer voltar, não poderá, quando menos esperar estará fazendo amor com os vermes com um perfume que causará repugnância, com um perfume que ocultará sua infelicidade. Está chovendo, muita lama ao meu redor, poucos mosquitos ainda me buscam o sangue.

A água negra forçosamente reflete um rosto que é indiferente, e que parece até mesmo tranqüilo, dissimulando a dor que sente. A chuva bate violenta em seu rosto, o peito dói contra as grades, não pode dar um passo adiante, apenas a realidade, nada mais que um pensamento latejante. Eu sou o homem, ser humano, vivente supremo da criação divina. Mas... Eu não sinto nada. É quando, sob os meus pés, racha o concreto da minha convicção, cai a ponte da minha indiferença. Então sabe-se que o sangue ainda é quente, porque cobre-lhe o corpo, lhe vê fugir das veias e se misturar à água de um rio que corre viscoso, leva seu sangue, mas não lhe leva, porque sobre seu peito pesa os restos da ponte e dos sonhos que nunca realizou. A ponte cai e me esconde, desdiz o que pensava, afogando, a vida que me sufocava então era o fio que eu sustentava, e não há terra nem água, apenas lama e esse rio que não me leva nem me cospe, apenas me espanca como filho bastardo e rejeitado enquanto sorrio e choro alucinado estendendo a mão por galhos verdes de minha existência ou botões que tenham vingado.


Daniel Ferreira (colaborador)
do livro SOB A SOMBRA DA NOITE, Fundac - 2005.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Validuaté abre o Festival Artes de Março

A banda piauiense Validuaté levantou o público e fez todo mundo cantar seus principais sucessos.



A Companhia de Dança Eficiente abriu o evento com o espetáculo “Deus em Tripé”, formado por bailarinos cadeirantes e não-cadeirantes, promovendo uma interação artística entre os dois grupos. O espetáculo atraiu a atenção do público que aplaudia cada passo. “ Isso é uma lição de vida. Belo espetáculo”, disse a fisioterapeuta Liana Andrade. O espetáculo conta com direção de Luis Carlos Vale, coreografia de Daniel Moura, Luis Carlos Vale e Valdemar Santos e figurino de Danilo França.

Em seguida foi a vez da banda piauiense Validuaté levantar o público e fazer todo mundo cantar seus principais sucessos. Com um som singular aliado a performances,rock e alguma poesia os garotos atraíram muitos piauienses ao evento. Para a estudante Andréa Veloso, foi a banda Validuaté que a atraiu pela primeira vez ao Artes de Março.“ É muito interessante para nós ver os meninos do Validuaté abrindo um evento tão bacana. Temos que valorizar o que é nosso. E eles cantam muito”.

A banda Validuaté aproveitou a oportunidade para divulgar seu novo disco, lançado em 2009, chamado “Alegria Girar” e os clipes “A Onda e Plaina Maravalha”. Para Quaresma, vocalista da banda, cantar no Artes de Março foi uma experiência muito boa. “ Faz um tempo que eu acompanho esse festival, e estar aqui hoje abrindo o evento é muito bom.”



O evento está na sua 13ª edição e conta com muitas outras atrações. Segundo a diretora de marketing ,Paula Fortes, o objetivo do evento é mobilizar a cultura da cidade. “ É o mês inteiro de eventos gratuitos, com ótimas atrações, tudo feito com muita organização”. “ Todos os anos eu compareço ao Artes de Março. É um evento que tem uma energia muito boa, perfeita. Eu gostei muito da programação deste ano”, disse o universitário Hélio Souza.O festival vai até o dia 15 de abril na praça de eventos do Teresina Shopping.

matéria de Marina Farias - do cidadeverde.com

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festival no shopping
VALIDUATÉ FAZ ABERTURA EM GRANDE ESTILO DO ARTES DE MARÇO



Começou ontem e em grande estilo o festival “Artes de março” que acontece todos os dias no shopping Teresina. E para abrir as festividades do evento nada melhor que uma das melhores bandas independentes do Piauí, o Validuaté, que lotou a praça de eventos do shopping e fez toda a galera que compareceu ao local cantar e suar muito.

Do forró ao brega, do rock ao baião, a banda seguiu o repertorio variado, com sucessos do primeiro e segundo disco. Todas as músicas foram acompanhadas pelo os jovens que estavam presentes. Isso mostra cada vez mais que a banda tem seu publico fiel que comparece e canta junto.

O evento está na sua 13º edição e terá uma vasta programação. Ao total, serão onze companhias de dança local e mais de 4 shows, incluindo Lô Borges, Seu Chico, e a nova musa da MPB, Céu, a sexta atração nacional confirmada. Todos os shows iniciam-se às 20h e são de graça.

fonte: teens180.com

terça-feira, 15 de março de 2011

ÃNIMA
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...enquanto houver uma faísca de poesia
haverá um impulso elétrico-nervoso,
uma dinâmica das coisas,
uma inquietude no homem,
uma calma da fé...
...um curto circuito nos espera.
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Kilito Trindade

domingo, 13 de março de 2011

Gabriel Arcanjo

o labirinto é meu
quem se perde
quem se acha
os muros são todos meus.
eu abro as portas
e fecho os caminhos
eu faço ou desfaço
não é problema seu, meu bem
é tudo comigo
é onde eu coloco os segredos
e te deixo navegar
eu abro ou fecho
escondo meus sonhos
pra você encontrar.
os muros são meus
mas vê, são brancos
é pra você decorar.
não é você, meu bem
já disse
sou eu
meu labirinto
meus medos
meus esconderijos
tudo pra você desvendar.


Renata Flávia (colaboradora)
http://lustredecarne.zip.net/
Gabriel Arcanjo

O Titã


Baruc Espinosa era terrível! Polidor extraordinário de lentes, visionário, poeta e repentista. Costumava prevê o futuro olhando o fundo de uma bacia cheia de água... Sempre que tinha arroubos de esperança, vestia o melhor terno, postava-se escorado em um velho poste na Rua Petit e sorrateiramente escolhia a melhor presa... Ninguém sabia ao certo a sua religião... Havia quem dissesse que ele, ensimesmado e rútilo, acostumado a própria imagem no funda das lentes, fosse apenas uma espécie de Narciso, aparentemente calmo e delicado, que guardava no fundo de um velho baú em sua biblioteca, um exemplar do segundo livro da Poética de Aristóteles...
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Francisco Denis Melo (colaborador, Sobral-CE)

terça-feira, 8 de março de 2011

Gabriel Arcanjo
Eu sou um estranho navio
ausente de assim ter nascido
um ausente partido
coração entranhado no mar

Toco em todas as terra
sem centímetros de perguntas
que lançadas, voltam
e, a indagar, passam o resto da vida

Sou um estranho navio
que, distante
se mostra em brilho
e, constante
se perde intenso em delírio

Um estranho e pesado
navio de guerra
por vezes jangada
e, no amor, um delicado cruzeiro

Um navio apenas
indefinido por ser impróprio
apaixonado pelo oceano
em que, naufragando
se refaz a cada instante


Laís Romero

domingo, 6 de março de 2011

Gabriel Arcanjo
Acorde meu bem
A noite zem
Não espera álcool
Enquanto algo falta
A fala quase a anos
Quase a todo gás

E o ar que se respira
E o resto que afoga
E o tudo que não se comprova
E no que há de tentação
E no que identifique o espírito
Recarregue as lanternas
Para ouvir a voz da amante

A curva do éter
A palavra que zumbe
O que não se prevê
Toda coisa que comove

Não fazem parte desta realidade
Nem partem desta esfera
Só fazem de mim espera
Pedaço do que não tem fim


Valadares

Imagens de Março – A Poética Erótica de Gabriel Arcanjo


Gabriel Arcanjo do Espírito Santo Neto nasceu em Teresina- PI, em 1963. artista plástico e designer publicitário, começou a interessar-se ao 13 anos de idade. Autodidata, sua produção é assinada pelo subjetivismo e a marca forte da linha e ritmo caligráfico. Animais, árvores, naturezas-mortas, figuras humanas, etc., tudo se torna motivo para pintura, entretanto, a figura feminina é muito presente nas obras de Gabriel, trazendo sob seu signo consideráveis doses de sensualidade. O espaço pictórico criado é bidimensional, embora haja volume sugerido por jogo de claro/escuro. O achatamento espacial rumo ao primeiro plano é uma tônica. A opção por formas delineadas ganha o caráter intelectual. A utilização ideal da linha numa trama de beleza plástica revela a fantasia de sutil vibração, de caminhos que incitam o observador ao toque e o envolve em um clima de mistério. A abordagem formal do universo plástico de Gabriel segue um padrão cloisonista (unidade modular do vitral), releitura do vitral gótico, onde espaços delineados por linha escura são preenchidos por cores chapadas. A pincelada lisa é mais característica em seus trabalhos, embora o empaste, aplicado em menor grau, acentue áreas de interesse.
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Texto de Pollyana Jericó, retirado do livro: “Artes Plásticas em Teresina”.