segunda-feira, 28 de março de 2011

escorpião na casa de capricórnio
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chove um som verde na paz dos musgos e os crimes se libertam nos quartos de motéis: nos encontramos com a fúria de dois cometas que se chocam, movimentos selvagens, contradições na faringe metálica e sexo na contorção fumegante dos corpos irresponsáveis – (os olhos são ogivas de cilício sobressaltando as costas) – nossos fluidos escorrem para o mangue da alma: rio caudaloso a desmantelar a neurose dos ponteiros em estranhas experiências, como se toda a história fosse só um agora – (o que sobra são os garranchos sobrepostos e os escombros molhados) – violamos o que de mais íntimo nossos pés tocam, saltamos as pontes, as linhas de trem e o azimute do horizonte – (é inútil pensar que sairemos ilesos à noite) – nossos delírios conjugados cavalgam as luas de saturno enviando sinais jamais pronunciados – (os braços que nos cercam são noctâmbulos) – as carícias desmancham armaduras, recolhendo para a dispensa a utilidade das unhas de aço: nosso amor fosforescente se escreve na avenida Eros.

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Demetrios Galvão (poema do livro Bifurcações, a sair pela ed. Corsário)

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