Textos dos leitores

Uma mulher-moça trazia duas crianças

mais os viço da ainda idade

nos olhos de enquanto o céu relampeja de fogo em monturo...


Quatro luas de automóvel diziam uma cada cor.


Um diassempre que ia batendo caçuleta...

E ele desenhava um a um os ovos de codorna

de canto enquanto

mode os trombadinha ir vender.


E a borboleta quando veio reclamando o chão da solda mal feita

num risco que pingava do olho direito da cobra

que vinha só com a cabeça nas costas.

(Foi coisa que a natureza lhe deu!)


Eita porra! E correu pra estender a semente

que gesticulava num pedaço de vida.


Nilson Costa Filho



Um dia tirei


Enquanto você dormia

Guardo comigo

No meu relicário.


Cacilda Vaz



ah teu rosto de espermo repleto

.

..

...

ah teu rosto de esperma repleto

retrato onde em olhar se guarda

a satisfação de me ver derramado

no gozo que escorre de tua boca

no sorriso que teu lábio encerra

...

..

.

Josué Antônio Hernandez




A dança das flores mortas


Um dia, resolvi colocar todas as minhas esperanças,

na dança que as flores faziam quando eram tocadas pelo vento,

pois mesmo sendo levadas a qualquer lugar, e sem saber onde iriam parar

continuavam a no ar girar, sem em nenhum momento se importar que destino iriam levar

desde então venho dançando e bailando de acordo com a brisa

sabendo que um dia, essa mesma brisa me levará ao chão,

e murcharei como toda rosa faz

quando dançar não puder mais...


Pedro Pontes



FRÁGIL



À vida frágil,

Que se perde por entre os dedos...

Vida breve,

Que seja leve, sem mágoas...

Quero dá valor as coisas simples,

Quero viver coisas simples que engrandeçam minha alma,

Não quero perfeição, aprenderei com meus próprios erros...

Ser feliz é o que eu quero até o último momento...



Lara Castelo Branco



Em Tarde Ser...
Amanhã Sendo...



Amanheço amanhã isso

A manha disso foi ontem

Que te teço tarde o viço

E importa que se contem



Quando o que nos resta

A que compreendamos

É esta derradeira fresta

Por onde [des]andamos





Francisco de Sousa Vieira Filho
http://seth-hades.blogspot.com/





Poeminha jogado


No meu tabuleiro,
És Rei
Do teu jogo
Me faça parte, não peça
Nada peça
e tudo serei nesse xadrez.


Cynhia Osório.


As vezes a chuva não é um fenômeno metereológico
Na maioria das vezes ela se forma nas nuvens
mas tem dias,que se forma antes de tudo: em mim
Nem todas as chuvas atingem o solo
algumas guardo só comigo
são virgas íntimas que evaporam antes de cair em
qualquer pele ou solo muito impróprio
Mas nos dias que não há explicações científicas
e a chuva precipita voando em direção ao chão
é apenas as nuvens conversando com meu coração
e dizendo que ao menos elas entendem o que está acontecendo
Quando me dou conta que o céu começou uma conversa
saiu correndo para fora de qualquer barraco que
dê a errônea impressão de proteção
caio nos braços da chuva
deixo que a água líquida passeie pelo meu corpo
e assim vou liquidando os minímos vestígios
do que não era meu mas estava em mim


Ariadne Chaves

 
Não há alguém que nunca amou
E também que nunca padeceu
Não há alguém que nunca chorou
Por tanto sentir a teima que insandeceu

Não há sol de manhã e nem lua à noite
E no encanto não tem mais mágica
Não há inverno e nem verão
Não há flores e nem arvoredos
Não há escuro nem claro, nem preto, nem branco
Não há estio e nem seca, nem há chuva
Não há canto e nem silêncio, não há som nem nada,
Não há dor maior quando o coração leva uma pancada

Não há ouro e nem prata
Não há deserto e nem mata
Não há oceano, mar ou rio
Não há cor e nem brilho
Não há viola e nem tambor
Não existe mundo se não houver amor

Se há alguém que nunca sonhou
Não acordou, não dormiu e nem cochilou
Se há alguém que nunca perdoou
Não acreditou, não assumiu e nem mudou

Se teve alguém que não padeceu
E também que nunca amou
Se teve alguém que não insandeceu
Portanto se apresente, alienígena.


Patrícia Araújo

Formalismo


Aquele
Que for
Formal
Que viva
Dentro da
Norma.

Aquele
Que for
Normal
Que morra
Da mesma
Forma.


Dôga oliveira

Brujeria

 
Desejos e vontades de assassina
Soletram-me palavras, todas tortas
Inferno ou paraíso, sei que é sina
O leve abrir de pernas, abre portas

E, na percepção sutil, transportas
Nos teus passos silentes, de traquina
A tudo o mais de mim que tu deportas
Me perco nesse olhar que me alucina

Que seja a tua vontade de menina
Só quero, for assim, o que [com portas]
E abertas sejam sempre, sua ladina,
As que do coração por ti já mortas

Libere o que a pena em mim comina
Não vertam só por ti sangue em aortas
No fundo de meu peito o nome assina
Que não mais seja o teu, tu não suportas

Francisco de Sousa Vieira Filho


Nada
Hoje só quero não querer coisa nenhuma
deitar na grama verde e descobrir desenhos nas nuvens do céu
não quero saber de mim nem de você
não quero mais te ver nem muito menos vou ser o teu menestrel
e ter a grande saúde de não perceber coisa nenhuma
e como Pessoa quero ser respeitado por entre os loucos
quero ver entrar pela porta uma canção como resposta
a tudo que fiz e ainda acho tão pouco
quero correr pelas calçadas
como uma criança quero sempre ter esperanças
quero andar de madrugada
e quando for noite de lua
eu quero é botar meu bloco na rua.


Jardel de Castro

 

Poesia (in)utensílio


poesia serve pra duas coisas:
Nadificar o Tudo
e
Tudificar o Nada.


Cleyson Gomes


O figura de linguagem

vendo minhas hipérboles
sem ver em que ponto estou exagerando
vendo minhas antíteses
estou com nojo de tanta contradição
vendo meus eufemismos
chega de ser cortês toda hora
vendo meus pleonasmos
ser incisivo as vezes parece insegurança
vendo minhas aliterações
todas essas repetições me cansam muito
vendo minhas onomatopéias
ser surdo tem lá suas vantagens
vendo esta metáfora
meta? Pensando bem, tô fora!


Cristovão Júnior


 Arremate


Quando eu chegar cansado
Junta os meus pedaços
Nos teus braços

Quando eu estiver ausente
Lembra de mim
E rabisca meus traços

Mas quando eu estiver cansado
E chegar ausente
Borra a lembrança dos traços
E com os braços
Demita os pedaços da gente


Dôga Oliveira



Poema Insone


Madrugada: galos cantantes.
narinas cruzam a madrugada, ofegantes
O sol rubramente febril teima e descortinar-se
as retinas teimam em desafiar as pálpebras falantes
o tempo insone repete a hora nos ponteiros
Gatos pardos ganham as ruas
roubam remédios para suas curas
Plaft!_ pernilongos insistentes.


Cynthia Osório.


Andarilho


Andando por ruas desertas,
Que na certa está cheia de nada e de ninguém
Pois são esses que fazem companhia
Nesta pouco tinha, como pensar no presente
Tentar no futuro esquecer do passado
De uma forma ausente de mim...

Eu não sei por onde devo começar
Eu não sei onde quero chegar
Mas insisto em procurar!!!

Trazendo o futuro incerto sem hora pra chegar
Quem será que na rua está a vagar?
O que será que a de vir me encontrar?
Na rua de espelhos que refletem minha alma.

Andando na rua sem direção
Gelando os pés e as minhas mãos,
Saindo quase de si, ficando sem razão
Perdendo de mim o que sobrou de uma paixão.
Levando a vida assim, com grande dor no coração.


Filipe Raiz e Sergio Holom


Eu, marginal?! nem a pau, juvenal!







Poeta
pra mim
em mim
é aquele sem margens:
direita ou esquerda
e que está longe do centro
mas
situa-se nas fronteiras.


Cleyson Gomes


Labirinto azul


Fios de infância
achei-me de labirinto
brincamos, voamos de Minotauro
sem Teseu atrapalhar
nossos corações de cera
esculpidos de sol
manhãs esquecidas de Dédalo
perdi-me nas tuas asas.


Jeferson Probo
Livro no prelo: "Sêmen"



Insight da 6ª noite onírica


de volta
como a devota
que sempre devora
preces de outrora
vejo bater o velho cio
e nessa tara balbucio
lembranças daquele quintal
povoado de hipocondríacos
toxicômanos da lucidez
a disparar suas poesias giratórias
de movimento orbital

Cristovão





Quando Chegar!


Se me sustento,se duro até tua aparição,não temerei meu grito de terror,apostarei alto,alto como quem transa o céu,como quem dança no guarda roupa e ainda sorrir e ainda tem lágrimas e algo que arrebata o corpo,que constantemente inflama o pensar,que chupa o outro seu lado.hora de calar o silêncio,de sentir o mais perto e o mais ainda,hora de ser canto pro terror das horas,de ser esquina escura,de ser água escorrendo a pedra,de ser algo como o assim e ainda sim, sendo.se ainda assim te chego,abraçarei tua pele e sentirei teu pranto e saberás do meu silêncio mais do que me sei,do que me abarco,do que o mundo não revela mas espia por ser parte,por ser tu explicando minha jornada pra essa espera,por ser eu sozinho na confusão,no delírio indulgente que me levo,e que se chego,irás julgar justo por meu achar do mesmo.


Hugo dos Santos

série - desenhos
Cícero Manoel


Paraplexi


Por fora
Sou todo riso

Por dentro
Sou todo raso

Por fora
Sou o que viso

Por dentro
Sou o que vazo


Dôga oliveira



Eu vou


Eu queria escrever algo. Escrever água.
De beber, de banhar, de se lambusar.
Escrever todos e escrever em todos.
Até que não se vissem mais cores que
não fossem as cores da tinta da minha
caneta, ou do grafite do meu grafite.
Queria pintar.
O sete.
Os olhos.
A boca.
O sessenta e nove.
Pintar teus pés pra sentir cócegas.
Pintar a arte dentro de ti.
Queria sorrir.
A risada mais gostosa.
A fotografia fabulosa.
E o riso do meu primo de quatro anos.
Queria chorar.
O choro da tua saudade.
O choro da tua saudade.
O choro da tua saudade
Assim, três vezes.
É o choro da falta que um me fez.
É o choro da falta que o outro me faz.
É o choro da falta que ainda vão me fazer sentir.
Queria beijar.
Sim, até que os olhos mudem de cor.
Até que a boca fique sem cor
e até que eu inteira fique sem ar.
Queria beijar o não óbvio.
O azedo pra tornar doce.
O salgado pra ser prazeroso.
Queria tocar.
Um violão um dia.
Um piano uma noite.
Uma gaita não só de boca,
mas na tua boca.
Queria tocar o céu.
Porque no mar eu toco.
Na terra eu piso.
No céu tocar não.
Correr.
É...
Queria correr.
Nas nuvens.
No meu quarto.
No teu.
No nosso.
Queria o silêncio.
Do meu terraço.
Do meu sono.
Do meu seio.
Da minha respiração.
Dos inocentes.
E mais ainda dos culpados.
Queria parar.


Maria Aparecida


série - desenhos
Cícero Manoel


Tudo em mim
anda assim
tudo ao meio
meio sem freio


Jardel de Castro


Risque


Ela pinta as unhas de vermelho com carinho rigoroso de quem
nina uma criança. Ela nina uma criança. Ela nina a criança
que sai dela. A criança quer brincar e fazer 'arte', é por
isso que suas unhas são vermelhas. Cor de sangue. Sangue quente.
O verniz vermelho transgressor sabota a incapaz ingenuidade
que sobrevive dentro do peito. Sabotagem... boa ideia!
Sabotar a lentidão. Sabotar a tela fria da 'tv de segunda'-
feira. Sabotar os velhos lustres do teto. Sabotar, então,
o teto e sair de dentro dele num vôo rasgado, com fim, e
começo- e -fim.
O vermelho-sangue pousa as mãos na maçaneta. Ela entra. Fim
de papo! Silêncio. Gemidos! Calor. Frio. Lençóis governam
as linhas de dois corpos. Um corpo.
Ela acorda. As vermelhas unhas caminham a pé com intenção
de prolongar o sol. As unhas voltam pra casa. As unhas
cravam fortemente seus dentes na porta. Ela entra.
Ela acorda e vai dormir. Descansa as asas novo dia.


Cynthia Osório.




A Ilha

“Navegamos entre arquipélagos de certeza em meio a oceanos de incerteza.”
Edgar Morin

Qual o ancião que o triste vão tateia
E segue perambulando na penumbra
É o ente humano e antes que sucumba
Desvencilhar-se, deseja, dessa teia

Numa mão traz consigo fraco archote
A iluminar a escuridão em que imerso
Legado a que Prometeu fizera trote
Que é teu, e é meu, e é nosso anverso

Pois que só diminuta porção por vez
Faz brotar conhecimento de seu lume
E esquece na negrura, na decrepidez

Em que outrora se fizera como cume
Assim fazendo transitemos na aridez
Tão pequenino frasco em tal perfume


Francisco de Sousa Vieira Filho
[http://seth-hades.blogspot.com]


 Emp(r)enhando

a poesia me seduziu
me levou pra cama
e me comeu
como o velho Sócrates
grávido de ideias que era
sinto os versos saltarem
no meu interior
sei que em breve
irei parir um belo poema
cuja feição porá fim
a essa incomoda ansiedade
convivo com a alegria
de ser portador de uma beleza
que ainda não conheço
vivo essa espera
de gerar o que não se espera


Cristóvão Júnior


Dieta de Castilho


Come, castilho, come
até falir a poçilga, come
tulha adiposa, digere, come
tua empada lúdica, flácida, come
arfa de alfafa, delira, come
cancro de alfombra, come
almofadiga de gases, come
encalha o verme no bucho, come
tritura bem, se empanturra, urra
com a sinfonia de azurra
e o sarrabulho de nádega
que os senhoris da espelunca
te ofertam sem interesse, come
vai, come, castilho, come
come mais um punhado, come
isso, come, come.


Victor Tijuca