o sol desembrulhou-se quando dezembro findava
em um ninho de pequenos cactos esfomeados.
alguns orixás viram pássaros bêbados
abrirem um novo hospício com seu fanatismo.
insetos vomitaram orações com a delicadeza
de quem carrega uma barriga cheia de mortes,
construindo no céu uma plantação de legumes
que não passavam de borboletas lisérgicas.
os órfãos do rio levantaram estandartes
exigindo que a mãe d’água os criassem.
procissões, liturgias e febres
fizeram o céu naufragar por não haver margem
seu conceito de infinito.Demetrios Galvão
|poema do livro BIFURCAÇÕES - a sair pela ed. Corsário|
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