segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

uma tarde furta cor

Há incêndios circulares e um corpo imóvel.
Aldo Pellegrini


Uma tarde se fez no papel de embrulho com tinta nanquim.
Tomava café e derretia mágoas.
No guardanapo ficavam as noites ruins e alguns pêlos da barba.
Essa era a gorjeta do garçom...

Era o descaso...
Era...

Era Frida, Pagu e Basquiat que pesavam sobre os ombros
Era a insônia que levava para os filmes pornôs
Eram os pássaros da infância exigindo um pedaço do céu.

Era...
Era...

Era Elliott Smith atravessando a confusão das facas
Eram as chaves se despedindo, o beijo que ficou sobre a mesa, os sapatos órfãos.
Eram os gafanhotos que se soltaram da camisa, colorindo o muro,
o cartaz do próximo filme, a memória ainda não escrita.


Demetrios Galvão

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