sábado, 31 de julho de 2010
sexta-feira, 30 de julho de 2010
<==== Nota da Academia Onírica ====>
Academia Onírica
quinta-feira, 29 de julho de 2010
7º Encontro - Poesia Tarja Preta - com o seu Manoel de Barros
poesias + sonoridades + exposição de Adler Murad (artes plásticas) + documentário "só dez por cento é mentira" + imprevistos + performances + encontros + risadas + álcool + conversas acaloradas + sussurros ao pé do ouvido + diversão ==== nessa noite tudo é possível ..........
dia 29/07 a partir das 20h no Canteiro de Obras (Eliseu Martins com Anísio de Abreu, próximo a praça do Fripisa) entrada = $ 2,00 reais (grátis o zine Academia Onírica lote VII)
quarta-feira, 28 de julho de 2010
Ele tinha os melhores argumentos: facas agudas e impecáveis. Suspeitei desde sempre que ele as limpava a noite inteira, como cena de filme, ele lá sentado numa mesinha encardida limpando as facas, absurdo e perfeito, escuro e tenso, preparando armas infalíveis debaixo de uma lâmpada de luz azul. Com crueldade ele conduzia as mulheres pelo mesmo caminho, uma espécie de deslumbre doentio e, quando queria, as fazia sangrar com as facadas leves, elas amavam aquilo não sei como, elas deslizavam facilmente no próprio sangue até um abismo sem possibilidade de limites. Apaixonadas, caíam sozinhas e febris. Ele retornava desses momentos com ar satisfeito, sem risos ou comemorações, simplesmente satisfeito e pronto para novamente limpar as facas pontiagudas e desejadas por muitas em segredo. Um dia, de supetão, ele foi esfaqueado, literalmente esfaqueado, fiquei chocada com a situação pensando se minha metáfora o levara a este trágico fim: um atirador de facas possuído pelo desejo de vingar-se esfaqueou o homem forte dos argumentos perfeitos, a mulher retornou para o circo com a honra limpa e refeita, continuava casada e irremediavelmente castigada pelo peso daquela morte.
Laís Romero
segunda-feira, 26 de julho de 2010
quando o céu
desabou sobre a palavra
enquanto só coração
e não se pensava
a alma desabou
desabou
para sempre purgar
culpas ancestrais
em dizimas sem artéria
em déficits cerebrais
em ócios inde(cifra)veis
Valadares
Por entre tiros
cantos de grilos e gritos de galos
sereno calo e escuto o que falo
Kilito Trindade
sexta-feira, 23 de julho de 2010
Conexões com Manoel de Barros
http://www.releituras.com/manoeldebarros_bio.asp
http://www.youtube.com/watch?v=RtMx13HJMhU
http://www.youtube.com/watch?v=9_qm9AqLxcs&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=td_qQqE-1jg&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=zv88WIho9Jo&feature=related
Decassílabo Para o Cu
de (Algumas) Mulheres
mulher no sexo anal não tem defeito
se gosta muito de dar o seu cu
diz ela que um cu nunca foi feito
somente para expulsar beiju
o cu de uma bela mulher vistosa
diz ela não foi feito pra sofrer
a vida é muito curta e é gostosa
pra ela cu foi feito pra arder
e para as mulheres temerosas
rapazes fortes ela dá a dica
“meu cu tem bandas e no centro a rosa
aonde eu escondo uma pica”
e se você lhe diz “eu tenho outra”
e ela aflita diz “mete também”
amigo essa mulher é primorosa
pois ela sabe o cagador que tem
Durvalino Couto
15.07.2010
quarta-feira, 21 de julho de 2010
segunda-feira, 19 de julho de 2010
O domingo acordou imóvel e dormiu podre
Os olhos azuis viraram sementes para dias melhores
Descansaram suas imagens na sombra de uma árvore desconhecida
Embrulhados em memórias de saltos e uma vida de miados
Onde deus não existia.
Demetrios Galvão
domingo, 18 de julho de 2010
quinta-feira, 15 de julho de 2010
O personagem rude atravessa a rua, a personagem fria desliza.
O personagem exausto grita escuro, a personagem enérgica se cala nas pálpebras fechadas.
O personagem rouco se dobra e desdobra, a personagem bailarina de pupilas arredondadas abarca o sorrir...
O personagem disposto se oferece em favores, a personagem ingrata se orgulha de precisar calada.
Uma batalha vã que se resume ao palpitar macio, mãos frias, preocupações extensas, pensamentos em demasia, conselhos sem sentido, sentidos sem rumos e pretérito-mais-que-presente.
No fim das contas, paga-se à vista e a carne é triste e gostosa.
Laís Romero
terça-feira, 13 de julho de 2010
e o que saber de teu anseio entregue ao ventre e ao seio alheio
[quando retorna a si a oferenda que há pouco somente sêmen seria?
e que força haveria em teu sangue que não vê as marcas
[de teu semblante impressas em um outro ser?
e como artífice tenaz empenhas o obstinado ofício de reinventar-se
[em imagem e semelhança na fêmea que emprenhas
e eis novamente em teus braços os traços que em ti afirmam
[a perpétua condição de semeador
e como impetuoso autor revisando a própria obra chega até si o desejo e a hora
[de descartar o esboço que feito fora outrora
e eis que teu riso e tua mão se estendem a apenas um dos irmãos
[para que corra o risco e o destino de existir em vão
e que seja a mão que se ergue em fratricídio a mesma que jaz em suplício
[e ambas as duas palmas de tuas mesmas mãos
e o que saber de teu feito quando retorna a si a oferenda
[que reafirma em teu filho teu genitor?
Adriano Lobão Aragão (colaborador)
editor da revista Desenredos http://www.desenredos.com.br/index.html
e do blog Ágora da Taba http://adrianolobao.blogspot.com/
indigestão acidental de imagens

Gosto de congelar imagens, sons e inquietações do meu dia a dia. Meus personagens são vestidos de mistérios, estranheza e cores, figuras que limitam entre situações reais e fantasia, excesso de informação e os valores do homem. Como investigação tento percorrer mais ainda o lado oculto das coisas, encontrando formas a partir de imagens extraídas da rua, na memória dos objetos, desenhos.
Atualmente vivo e trabalho em Teresina.
Adler Murad
sábado, 10 de julho de 2010
Release da Academia Onírica
Os poetas da Academia Onírica não trabalham com a idéia de resgate. Não temos a intenção de resgatar a poesia de nenhum poeta. Trabalhamos com a perspectiva da invenção, da produção de sentidos poéticos em um diálogo com várias temporalidades, que se convergem a partir do nosso presente e com as sensibilidades do nosso tempo.
foto = Kátia Barbosa
A Academia Onírica traz consigo a seguinte missiva: “poesia tarja preta”, indicativo de remédio forte, de abalo, catarse. Poesia impacto pulsante, comprimido de linguagem, o modo mais sensível que o ser humano tem de se expressar, o mais denso, condenso, ponto nervoso, forte e devastador: tarja preta simplesmente. O que queremos não tem nome, é um ritmo talvez, mais precisamente não precisar traduzir ou resgatar algo que sempre existiu, a poesia, a maneira que o homem tem de existir em sua mais livre expressão, algo tenso que reside entre a norma e a loucura.
Uma das atividades do coletivo se concentra nas performances que ocorrem durante os encontros poéticos na última quinta de cada mês no Orbital Cultural Canteiro de Obras. Para cada encontro escolhemos um poeta para trabalhar sua poesia, um autor com quem temos afinidade, quem compartilhamos sensibilidades e que de alguma forma nos atravessa. Esse poeta e sua poesia são o ponto de partida para iniciar as performances da noite. Falamos os textos do poeta, mas principalmente falamos os nossos poemas e as pessoas que estão presentes também participam, falam seus textos. Assim, o ritual mensal é composto por uma diversidade de vozes e de expressões poéticas, de imagens e sonoridades.
Além das performances os oníricos pretendem se derramar por outros espaços. Penetrar o cotidiano e lugares corriqueiros, como por exemplo, com a panfletagem de poesias nos mercados. O intuito é interferir no trajeto das pessoas comuns e fazê-las perceber a dimensão poética da vida. Fazer a poesia reverberar pelas espacialidades da cidade e provocar a reflexão sobre o lugar da poesia nas sociedades contemporâneas.
O nosso trabalho articula as dimensões do Zine Academia Onírica, que é distribuído gratuitamente; da panfletagem mensal de poesia nos mercados; do blog poesiatarjapreta.blogspot.com; da parceria com a Revista Trimera e através das performances que acontecem nos encontros poéticos, costurando sonoridades, exposição e projeção de documentários, fotografias, desenhos, etc. A intenção dos oníricos é tomar a poesia como elemento catalisador e comum que perpassa as diversas expressões artísticas. Pensamos a poesia no campo da experimentação, fabricação de possibilidades não realizadas, produção de mundos na linha de fuga.
quinta-feira, 8 de julho de 2010
subtrair o verbo do olho
a instância do pensamento
as cordas que o pescoço inventa
a navalha que trava o gesto
sublimar
por que a filha dorme
o filho reinventa te ver
a manhã é um tablete de anil
e o vento goza comigo
e ainda tantos invernos.
Valadares
Penso em Drummond sempre à mesma hora: quando as coisas do dia-a-dia assombram, e isso sempre acontece ao final da tarde, quando há somente a lucidez vencida de um dia a mais de lida... Penso em Drummond porque os meus ombros já não suportam o mundo nem minha alma respinga de restos de mar e alcatrão... Quando me afoga a própria saliva, e sabendo que há levantes de poetas e profetas, fica o chão de minha vida calcinado de pó e aluvião... Drummond só teve como sorte a cabeça cheia de espasmos, porque desde menino, lá em Itabira, costumava provocar incêndios e ataques suicidas, tendo sido responsabilizado, inclusive, pelo incêndio que devastou Roma, a cidade celeste...
Francisco Denis Melo (colaborador, Sobral-CE)
domingo, 4 de julho de 2010
Morre o poeta Roberto Piva - nosso capitão-loucura

Fortemente influenciado pelos beats, ele foi uma das vozes mais dissonantes do meio artístico de São Paulo
O poeta Roberto Piva morreu ontem em São Paulo, aos 72 anos, com falência múltipla dos órgãos decorrente de insuficiência renal. Um câncer na próstata o havia levado ao Hospital das Clínicas, onde estava internado desde maio. O câncer atingiu os ossos.
Poeta de importância nacional, Piva nasceu em São Paulo, onde escreveu sua obra prima, a coleção de poemas Paranoia, publicada em 1963. Também foi uma voz dissonante nos meios artísticos da cidade, num tempo em que os escritores ainda se juntavam em grupos.
Ele fez parte de uma geração brilhante mas posteriormente marginalizada, com fortes influências dos poetas beats americanos. Apesar disso, Piva não era facilmente classificável.
O ministro da Cultura Juca Ferreira divulgou nota em que afirma: "Se a morte de um poeta é sempre uma tragédia, a morte de alguém como Piva é um imenso baque a mais, já que a energia que alimentava sua poesia era a exaltação da carnalidade. Essa sua energia enfrentou, nos anos 60 e 70, além da repressão, a estranheza que se voltava contra pregadores, como ele, de uma poética do desregramento. Piva assumiu a responsabilidade de expressar as nossas carências e delírios extremos".
O poeta foi cremado na manhã deste domingo.
Retirado do site:
http://ultimosegundo.ig.com.br/cultura/morre+o+poeta+roberto+piva/n1237697743678.html
Poeta Roberto Piva morre em São Paulo
O poeta Roberto Piva, 72, morreu às 15h30 deste sábado. Ele estava internado no InCor (Instituto do Coração), em São Paulo, desde o dia 13 de maio.
Segundo a assessoria do hospital, Piva teve falência múltipla dos órgãos em decorrência de insuficiência renal. O poeta sofria de mal de Parkinson há cerca de dez anos e descobriu um câncer na próstata, em metástase, durante a internação. Em janeiro, Piva já havia passado por uma angioplastia.
O caos da cidade de São Paulo era sua maior fonte inspiradora. Em "Paranoia", publicado em 1963 e relançado em janeiro deste ano, Piva mergulhou em "torres chumbo", na "constelação de cinza" da metrópole e em "almas inoxidáveis flutuando sobre a estação das angústias suarentas". Sua obra completa foi publicada em três volumes pela editora Globo.
O corpo de Roberto Piva será velado a partir das 23h no cemitério do Araçá, na região do Pacaembu (zona oeste de São Paulo). Às 11h deste domingo (4), o corpo seguirá para o crematório da Vila Alpina (zona leste).
Rebeldia
"O Piva é o poeta da rebelião. Fala-se muito da mitologia Piva rebelde andando pelas ruas de São Paulo, mas ele não era só isso. Ele trafegou pelo erotismo, pelo místico, ele transcendia", afirma Renata D'Elia, jornalista e escritora, amiga do poeta.
Mesmo internado, Piva --que fazia questão de dizer que não era piedoso-- manteve a postura rebelde. "Há dez dias, ele tentou fugir do hospital. Ele arrancou as sondas, estava bravo e queria sair fora. Ele detestava hospital, achava que era tudo magia negra", afirma Gustavo Benini, 32, companheiro de Piva há mais de dez anos.
Gustavo diz que, mesmo debilitado, Piva estava feliz com o reconhecimento maior de suas obras. "O Piva sempre foi rodeado de pessoas mais jovens. Com a internet e com a publicação de suas obras completas, ele será ainda mais compreendido do que é hoje. Tem até uma comunidade no Orkut em homenagem a ele", diz Gustavo.
Renata afirma que, enquanto Piva ficou internado no começo do ano para a cirurgia cardíaca, ele pediu para que os amigos levassem bloco e caneta para ele no hospital. "Piva sempre escrevia disfarçadamente, deve ter originais não editados", afirma o companheiro do poeta.
Retirado do site:
Nascido em São Paulo no dia 25 de setembro de 1937, Roberto Piva foi um poeta ligado aos marginais dos anos 60, tendo sido influenciado pelos autores da geração beat americana. Ele foi revelado na coletâneas "Antologia dos Novíssimos", de Massao Ohno, publicado em 1961, e "26 poetas hoje", de Heloisa Buarque de Holanda.
Piva foi professor na rede de ensino público, produtor de shows de rock e é um dos três únicos poetas brasileiros a ser citado no Dicionário Geral do Surrealismo publicado na França.
Em 2005, toda sua obra foi republicada pela editora Globo em três volumes - "Um estrangeiro na legião", "Mala na mão e asas pretas" e "Estranhos sinais de saturno". Seu primeiro livro, "Paranóia", publicado originalmente 1963, foi reeditado em 2009 pelo Instituto Moreira Salles.
informação retirada do site:
http://oglobo.globo.com/cultura/mat/2010/07/04/morre-aos-72-anos-poeta-roberto-piva-grande-nome-da-poesia-marginal-917059185.asp