sábado, 19 de novembro de 2011

Lançamento do Livro - Insólito

Lançamento do Livro Insólito
de Demetrios Galvão

dia 02/12 a partir das 19 horas
na livraria Entrelivros


# leia um trecho da apresentação do livro - Insólito,
escrita pelo poeta Rubervam Du Nascimento #


leio demetrios e falo com ele hoje como se estivesse a ouvir o amanhã ordenado em versos e vozes de poetas que o acompanham, quer seja na abertura dos roteiros do livro, no diálogo dos versos, quer na oficina de gritos, silêncios, prazeres oníricos, cantos revisitados dia após noite, não apenas uma vez a cada dois meses, na casa-quintal, entre ferro-velho transformado em arte pelas areias salgadas do tempo.

leio e escuto demetrios e convenço-me: nas entrelinhas da poesia é possível descortinar o fundo escuro onde o silêncio se manifesta após o clarão executar o seu ofício. bem dentro da gente, contra a parede do espelho que sempre aparece disperso, aos cacos. o que se lê e se ouve nas palavras de demetrios, é contra o desperdício da fala e da audição e de todos os outros instrumentos de carne e osso que possibilitam o encontro com outras sensações, muito além dos sentidos acostumados com os cárceres do nosso corpo:

“a janela late à beira dos teus olhos para uma população de coisas fantásticas:”

demetrios é para ser lido dentro e à margem do papel. ele sabe que somente a poesia completa as águas que escapam do céu em facas de brilho, ou colhem as cores do sol derramadas pelo chão. somente a poesia encontra caminhos onde julgamos intransitáveis, areia movediça, pedra de lodo, ponta de toco, horizonte de areias, lama de pântanos (dói a luz dos facões na pele dos papiros dos pântanos de nyamata!)

se o leitor quiser entrar nos campos de plantio da poesia, sugiro passar primeiro pelos pântanos que foram feridos pelos facões da noite, em algum lugar esquecido no mundo. se quiser invadir seus espaços de tempestades e silêncios, é preciso, sobretudo, sabedoria para descobrir o que fizeram com o sangue de nossa cor aos pés dos papiros, nas terras dos grandes lagos, onde está registrado o nosso começo.

a leitura de demetrios me leva à presença de um cara que viveu há muito tempo do outro lado do mundo de nome octave uzanne. ele me diz que os livros, como hoje se apresentam, em folhas de madeira, deixarão de existir. disse isto e mais disse:

“- eu vos repito meus amigos que considero aqui somente possibilidades incertas. quem poderia aqui, dentre os mais sutis entre nós, profetizar com sabedoria? os escritores deste tempo, já diria nosso querido balzac, são os manipuladores de um futuro escondido sob cortinas de chumbo.”

ora, ora, por que ao ler demetrios os meus dedos de repente abrem as páginas de octave uzanne? talvez porque esteja ao meu alcance na hora em que leio e escuto demetrios. talvez porque ao ler e ouvir demetrios acredito que livros como o insólito continuarão a valorizar suportes aparentemente desgastados como o papel.

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