sexta-feira, 14 de outubro de 2011

café com brassaï

brassaï sentado no beiral de um sonho:
olhos fixos na paisagem amorfa
tinta nos dedos e sangue nos pés

um casal de gatos siameses lambia
as sobrancelhas daquele rosto inadequado

nas ruas nervosas, os dj’s satânicos e as
profecias bailarinas nas praças-comércio-do-sexo

a noite gasosa e o burburinho que pingava
pelos ossos da lua-cinema onde nadja se escondia.


– brassaï toma café-radioativo em uma fotografia de 1933.


Demetrios Galvão
(poema do livro Insólito, a sair em novembro pela ed. Corsário)

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