terça-feira, 27 de setembro de 2011

o som

e para que poetas?! e escrever?!
o autor que perdeu os olhos numa guerra
responde assim, tateando um bem na terra:
viver é só um possível de prazer
 a vida, claro, pode até ser grande
um gozo apenas, máximo e bastante
mas, somente este verso sinto ter:
viver é só um possível de prazer
e como estes dois olhos se apagaram
tive de acender meu corpo e ouvidos
passei a ver prazer no som, não visto
pela vibração, poemas me serviram
pelo pulso no corpo, e não sentido
um murro de barulho, ou urro-bicho
pra gostar do som, poemas me serviram
com a pele e a orelha achei um bem possível
e hoje, o homem de escuro e negror pega
em vão, ruído que afague a vida cega
nestas trevas, a língua é luz, é míssil
é agrado, menos dor, zoada bela:
feito o estralo da estrela que em mim se atrela



                                                                               thiago e

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