sexta-feira, 29 de abril de 2011

um médico diagnosticou meu mal

sofro de um mar grave, um mar doente e revolto, que se instalou entre minhas costelas. respirar é muito barulhento, há um ronco forte de onda desabando em areia, remoendo em minhas entranhas o ar que entra. o foco fugiu dos meu olhos, guardo apenas aquela expressão paralisada de horizonte sem fim. é grave, eu sei, não posso mais fugir. meu corpo resmunga e logo surge gigantes maremotos. vivo de acordo com a lua, difícil convivência, tento manter-me coerente o máximo que posso, evito olhar pro céu, este maior que tudo que move em mim uma dança azul, às vezes verde. não posso me achar mais. sei que as barreiras todas foram quebradas na primeira respiração que dei. atropelei tudo que me chegou perto, estou sem consciência do meu corpo, não o meço, não vejo seus contornos. desenho livre, móvel disperso. dentro da noite apenas sussurro minha existência.


Renata Flávia |colaboradora|

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