segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

o poeta do mar


para os argonautas de chico buarque
para glauco leandro e ítalo


sou filho do mar
é o mar que me rege
o mar e seus cabelos que tem raízes na lua

sou filho do mar
é o mar que me impede
suplico sair dessa ilha salgada, sagrada(?)
cercada de criaturas ferozes fogueiras
redes raios raios que parta
que ferozmente - ele - a terra - nessa luta
deixa meu sangue que corre e que não cai ou não-estaca
nessa pedra que carrega a terra
nessa pedreira
nessa luta
dessa terra
assustadora terra
terrível terra e de onde vem o terraço terra e o terreno

quero o mar quero ver o mar na sua total-maresia
sou filho dele
sou filho das sereias
dos argonautas
quero o mar

sou filho do mar
quero a escola de sagres
quero o barco dos fenícios
quero iansã e iemanjã, as minhas mães
quero o mar
os botes
as canoas

sou filho do mar
por esses olhos que seguem o meu sangue o meu mar
as minhas armaduras do mar que sou
que estou
e desesperadamente jangadas caravelas barcos

o barco o bardo o todo torto dançante dançar - imitação das marés
o mar
o mar
o vento
o mar
o mar

quero o mar e não quero trafegar tenro
está de estático
quero o movimento do mar
que é libertação

me perco no mar
nos açudes
nas cachoeiras

quero fugir para Titã - que lá encontraram o mar
o mar de saturno
o mar dos enamorados
do amor amar amaré do mar de marte
mar manso e revolto
mar

do mar
que não somos donos
que a lua cairá no pranto do mar
nos fins do tempo
no dia do amor entre Terra e Mundo
e Mar e Lua

enamorados

sou filho do mar e quero me salgar,
com seus cardumes
seus peixes estrelas-do-mar
gaivotas
o peixe-do-mar.
camurim - peixe - amar.


Mardônio França (Colaborador, Fortaleza -CE)
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