domingo, 6 de junho de 2010

O Ciclope

Borges nasceu colossal: 2:10 de altura. Por isso sentia vertigens e costumava ser acossado por bandos de pássaros que lhe sobrevoavam o rosto amarelecido pela altitude... Mas nem por isso se revoltava ou mesmo queria descer de sua altura, pular de seus abismos, romper suas pilastras... Era descendente de Tirésias, o adivinho grego, e mesmo depois de velho, nunca perdeu o hábito de ver moças jovens e nuas em banhos de rios e mares... Cotidianamente freqüentava a Biblioteca Nacional, onde, segundo consta, ouvia por mais de 10 horas seguidas O Paraíso Perdido de Milton. Havia quem jurasse que Borges conhecia cada centímetro daquela biblioteca, inclusive passagens escondidas, frestas de luz, imagens de espelhos, capas de livros, índices remissivos.... Era cego, mas quem o via de longe, livro nas mãos, lábios sussurrantes, jurava que ele via muito mais do que aquilo que os olhos sabiam...
Francisco Denis Melo (colaborador, Sobral-CE)

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