sábado, 10 de julho de 2010

Release da Academia Onírica

Em Janeiro deste ano, alguns poetas de Teresina (Arianne Pirajá, Demetrios Galvão, Fagão, Kilito Trindade, Laís Romero, Thiago E, Valadares) se organizaram e formaram um coletivo: a Academia Onírica. O intuito do grupo é poder articular várias artes em suas performances e ações – poesia, fotografia, vídeo, música, gente... possibilitando conexões entre diversas linguagens. A idéia é juntar pessoas de diferentes áreas para conspirar juntas, montar armadilhas semânticas, experimentar composições e texturas num jogo de práticas que se dão pelos meios. Provocar curtos-circuitos e desarrumar a estante das conveniências, retirar as coisas de seus lugares habituais, falar poesia nas escadarias do tempo, invadir os mercados com comprimidos poéticos para reumatismo... a Academia é uma desacademia para quem compreende o Onírico.

Os poetas da Academia Onírica não trabalham com a idéia de resgate. Não temos a intenção de resgatar a poesia de nenhum poeta. Trabalhamos com a perspectiva da invenção, da produção de sentidos poéticos em um diálogo com várias temporalidades, que se convergem a partir do nosso presente e com as sensibilidades do nosso tempo.

foto = Kátia Barbosa

A Academia Onírica traz consigo a seguinte missiva: “poesia tarja preta”, indicativo de remédio forte, de abalo, catarse. Poesia impacto pulsante, comprimido de linguagem, o modo mais sensível que o ser humano tem de se expressar, o mais denso, condenso, ponto nervoso, forte e devastador: tarja preta simplesmente. O que queremos não tem nome, é um ritmo talvez, mais precisamente não precisar traduzir ou resgatar algo que sempre existiu, a poesia, a maneira que o homem tem de existir em sua mais livre expressão, algo tenso que reside entre a norma e a loucura.

Uma das atividades do coletivo se concentra nas performances que ocorrem durante os encontros poéticos na última quinta de cada mês no Orbital Cultural Canteiro de Obras. Para cada encontro escolhemos um poeta para trabalhar sua poesia, um autor com quem temos afinidade, quem compartilhamos sensibilidades e que de alguma forma nos atravessa. Esse poeta e sua poesia são o ponto de partida para iniciar as performances da noite. Falamos os textos do poeta, mas principalmente falamos os nossos poemas e as pessoas que estão presentes também participam, falam seus textos. Assim, o ritual mensal é composto por uma diversidade de vozes e de expressões poéticas, de imagens e sonoridades.

Além das performances os oníricos pretendem se derramar por outros espaços. Penetrar o cotidiano e lugares corriqueiros, como por exemplo, com a panfletagem de poesias nos mercados. O intuito é interferir no trajeto das pessoas comuns e fazê-las perceber a dimensão poética da vida. Fazer a poesia reverberar pelas espacialidades da cidade e provocar a reflexão sobre o lugar da poesia nas sociedades contemporâneas.

O nosso trabalho articula as dimensões do Zine Academia Onírica, que é distribuído gratuitamente; da panfletagem mensal de poesia nos mercados; do blog poesiatarjapreta.blogspot.com; da parceria com a Revista Trimera e através das performances que acontecem nos encontros poéticos, costurando sonoridades, exposição e projeção de documentários, fotografias, desenhos, etc. A intenção dos oníricos é tomar a poesia como elemento catalisador e comum que perpassa as diversas expressões artísticas. Pensamos a poesia no campo da experimentação, fabricação de possibilidades não realizadas, produção de mundos na linha de fuga.

Um comentário:

  1. fico a me perguntar: isso é um remédio pro meu vício ou um vício sem remédio?
    (depois de profunda reflexão):
    _tanto faz, me faz um bem danado!

    Abraços aos oníricos!

    p.s: visitem meus blogs!

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